O norte-americano considerou a atual visita como “uma das maiores honras da sua vida” e agradeceu o facto de ser o único presidente dos EUA convidado a fazer duas visitas de Estado ao país, “um privilégio singular”, considerou.
Talvez seja também a última, brincou. “Espero que seja mesmo”, declarou, provocando risos. O presidente norte-americano visitou o Reino Unido em 2019, durante a sua primeira presidência dos Estados Unidos e reuniu-se com a rainha Isabel II, entretanto falecida. Donald Trump visitou hoje o túmulo da monarca.
O presidente referiu especialmente o “vínculo” que existe entre o Reino Unido e os EUA. Ao falar da expressão “relação especial”, afirmou que, do ponto de vista americano, a palavra “especial” “não chega nem perto de fazer justiça” aos laços existentes.
Os dois países estão unidos por uma série de fatores, incluindo a história, a língua e os laços transcendentais de cultura, tradição, ancestralidade e destino, explicou.
Referindo-se à sua segunda visita, Trump disse ainda ao rei Carlos III e a cerca de 160 convidados que “esta é realmente uma das maiores honras da minha vida”, acrescentando que tanto ele como Melania Trump, a primeira-dama dos EUA, estavam “profundamente gratos” pela receção no Castelo de Windsor.
Houve também lugar a um momento caracteristico de autoelogio quando Trump afirmou que tinha feito da América “o país mais atraente do mundo” desde que regressou ao cargo.
Esforços pela paz
Já o anfitrião, o rei Carlos III, destacou o “compromisso pessoal” de Trump com a paz, depois das várias iniciativas do presidente e da sua Administração para por fim aos conflitos que decorrem na Ucrânia e em Gaza.
Um esforço acompanhado a par pela diplomacia britânica, referiu o monarca.
“Os nossos países estão a trabalhar em conjunto para apoiar esforços diplomáticos cruciais, incluindo, senhor presidente, o seu empenho pessoal em encontrar soluções para alguns dos conflitos mais difíceis do mundo, para garantir a paz“, disse Carlos III durante o jantar de Estado no Castelo de Windsor.
“Hoje, enquanto a tirania volta a ameaçar a Europa, nós e os nossos aliados unimo-nos em apoio da Ucrânia, para dissuadir agressões e garantir a paz”, acrescentou o rei, num recado do governo do Reino Unido e de outros aliados da NATO a Trump, que se tem mostrado reticente em fornecer armas a Kiev por isso apenas ir, na sua perspetiva, alimentar o conflito coma Rússia.
O rei ligou esta ameaça moderna à democracia à aliança de guerra entre os EUA e o Reino Unido. “Os nossos países têm a relação mais próxima em defesa, segurança e inteligência já conhecida”, disse Carlos III.
Ocasião “única”
Referindo o “grande prazer” que ele e a rainha tiveram em receber Trump e Melania no Castelo de Windsor, o rei classificou a visita do casal norte-americano como uma ocasião “única” e “importante”, uma ocasião que “reflete” o vínculo entre as duas nações.
Foi um discurso criado para destacar as ligações que sustentam esta relação especial, incluindo uma cultura comum, uma língua comum, interesses comerciais e de defesa partilhados, “de York a Nova Iorque, de Birmingham, em Inglaterra, a Birmingham, no Alabama”, destacou o rei. Carlos III fez referência ainda à história partilhada — incluindo a batalha da América pela independência do seu “cinco vezes bisavô, o rei Jorge III”.
No breve discurso de sete minutos do rei houve ainda lugar para brincadeiras.
Carlos III disse entender “que o solo britânico é propício a campos de golfe esplêndidos”, numa referência à paixão de Trump por este desporto.
Carlos III fez também uma referência inesperada a uma notícia antiga dos anos 70 quando, numa visita à Casa Branca sob a presidência de Richard Nixon, a imprensa especulou se o então jovem e solteiro príncipe Carlos se envolveria romanticamente com a filha do Presidente.
“Se os media tivessem tido sucesso na década de 1970 na sua tentativa de aprofundar a relação especial, eu próprio poderia ter casado dentro da família Nixon!”, brincou o monarca, ao lado da sua atual esposa, a rainha Camila.
“Assim é que se faz”
O banquete de Estado no Castelo de Windsor concluiu o primeiro dia da visita de 48h de Donald Trump ao Reino Unido. Quinta-feira, o presidente deverá reunir-se com o primeiro-ministro Keir Starmer, em Chequers, em reuniões mais políticas.
A visita de Trump provocou protestos em Londres e em Windsor ao longo do dia de quarta-feira. O presidente norte-americano tem uma das mais baixas taxas de pouplaridade de sempre no Reino Unido.
Nos Estados Unidos, a visita foi seguida com extrema atenção, com audiências cativadas pela pompa extrema evidenciada pelos monarcas britânicos, com algumas comparações desfavoráveis à capacidade norte americana de organizar grandes cerimónias oficiais.
“É assim que as coisas se fazem”, comentou uma veterana das Forças Armadas dos EUA, a uma jornalista da BBC.