A conferência Connect 2025 da Meta, a empresa de Mark Zuckerberg que controla Facebook, Instagram e WhatsApp, serviu de palco para lançamento de novos óculos que juntam as tecnologias de realidade aumentada e inteligência artificial. São óculos inteligentes que misturam o estilo clássico da Ray-Ban com funcionalidades que parecem tiradas de um filme de ficção científica. Os grandes protagonistas são os Ray-Ban Display, que trazem um ecrã de realidade aumentada, e os Ray-Ban Meta Gen 2, uma evolução dos modelos de 2024. Mas estes novos óculos continuam a ter uma disponibilidade muito limitada, ficando fora de muitos mercados, incluindo o português.

Uma visão de realidade aumentada

A grande estrela do evento foram, sem dúvida, os Ray-Ban Display. Estes óculos, com um preço inicial de 799 dólares (equivalente a cerca de 755 euros), são a primeira aposta da Meta em óculos com um ecrã incorporado de realidade aumentada (AR), um género de HUD (heads-up display) translúcido.

A grande novidade é a capacidade de interagir com o mundo digital sem ter de tirar o telemóvel do bolso. O ecrã a cores, de alta resolução, permite ver e responder a mensagens, ler notificações, usar aplicações e até fazer videochamadas. O mais interessante é a forma como se interage com tudo isto: os óculos são acompanhados de uma pulseira especial, a Meta Neural Band, que usa sensores para reconhecer os movimentos dos dedos do utilizador. Deslizar o dedo, por exemplo, permite navegar pelo menu ou digitar uma mensagem.

É aqui que o ecrã de realidade aumentada faz toda a diferença. As ferramentas de inteligência artificial deixam de ser apenas áudio e passam a ser visuais. Além de dar comandos por voz, como “’gravar um vídeo” ou “tirar uma fotografia” o assistente de IA pode apresentar informações visuais directamente no campo de visão do utilizador. Imagine que recebe um email: em vez de pegar no telemóvel, a notificação aparece no canto do ecrã e pode lê-la rapidamente. Ou, durante uma conversa, pode pedir ao assistente para lhe mostrar a previsão do tempo para o dia seguinte, com os dados a aparecerem sobrepostos à sua visão. Outro exemplo demonstrado foi a funcionalidade de legendas em tempo real, que transcreve o que está a ser dito à sua frente, o que pode ser uma grande ajuda em locais ruidosos ou para pessoas com dificuldades auditivas.

Os Ray-Ban Display anunciam uma autonomia de bateria de cerca de seis horas de uso misto, e a pulseira de 18 horas. Vêm em duas cores, preto e “areia”, e com lentes Transitions que se adaptam à luz ambiente.




A segunda geração dos Ray-Ban Meta estão disponíveis com diferentes cores e designs
DR

O Ray-Ban Display só estarão disponíveis em algumas lojas dos Estados Unidos, Canadá, França, Itália e Reino Unido.

A segunda geração dos óculos inteligentes

Como esperado, a Meta também apresentou a segunda geração dos seus óculos inteligentes mais tradicionais, os Ray-Ban Meta Gen 2. Com um preço inicial de 379 dólares (equivalente a cerca de 358 euros), estes óculos chegam com uma série de melhorias em relação ao modelo original.

A principal novidade é a bateria, que agora dura cerca de oito horas com uso normal. O estojo de carregamento também foi melhorado, permitindo mais 48 horas de carga adicional, e um carregamento rápido, de 20 minutos para 50% da bateria.

A câmara também foi reforçada. Passou de 12 megapixéis para gravação de vídeo em 3K Ultra HD a 60 fotogramas por segundo (fps), com suporte para HDR (grande intervalo dinâmico). A Meta prometeu uma actualização de software posterior que vai permitir captar vídeos em hyperlapse (vídeo com o tempo acelerado) e câmara lenta. Os óculos têm 32 GB de armazenamento e são resistentes a água com a certificação IPX-4.

No que diz respeito à inteligência artificial, a grande diferença é que nestes óculos as interacções são feitas vias áudio. Como não há ecrã, não é possível, por exemplo, apresentar legendas com tradução em tempo real do que alguém nos está a dizer num idioma que não percebemos. Mas esta tradução é feita via áudio (altifalantes embutidos nas hastes dos óculos). Também pode responder a perguntas sobre o que está à frente do utilizador, como o que “Quem pintou este quadro?” ou “O que significa este símbolo?”. Uma das funcionalidades mais interessantes é a “conversation focus”, que vai ajudar o utilizador a ouvir melhor as vozes em ambientes com muito barulho. Esta funcionalidade também chegará aos óculos da primeira geração.

Tal como o modelo original, a nova geração está disponível nos modelos Wayfarer, Skyler e Headliner, com várias opções de lentes, incluindo lentes de prescrição. Os preços das lentes polarizadas e transitions variam, com as primeiras a custarem mais 30 dólares e as segundas a acrescentarem 80 dólares ao preço final.

O lado B dos lançamentos: os falhanços ao vivo

Curiosamente, o evento ficou marcado por alguns momentos menos conseguidos, algo que não é incomum em demonstrações ao vivo. Os Ray-Ban Display não conseguiram atender uma chamada, e a inteligência artificial dos Ray-Ban Meta Gen 2 também teve um pequeno “fail” ao vivo, com o sistema a não conseguir seguir a receita de um prato. A explicação dada no evento foi uma falha na ligação Wi-Fi.