O novo primeiro-ministro francês enfrenta esta quinta-feira o seu primeiro dia de mobilização, apenas dez dias após ter sido nomeado pelo presidente Emmanuel Macron. Do seu antecessor, Sébastien Lecornu herda um contexto político particularmente instável e a missão de fazer aprovar o Orçamento do Estado para 2026 através de negociações com a oposição para chegar a um acordo, missão fracassada por François Bayrou.


Acabado de ser nomeado, enfrenta a promessa de paralisação de escolas, hospitais, transportes, lançada a pedido dos sindicatos contra as medidas orçamentais do antigo primeiro-ministro François Bayrou.


Segundo o Ministério francês do Interior, são esperados entre 600 e 900 mil manifestantes em toda a França. Para fazer face a possíveis distúrbios à ordem pública que possam ocorrer à margem das manifestações, o ministro francês do Interior demissionário anunciou um forte dispositivo de segurança e prometeu ser “intrasigente” em caso de vandalismo ou violência.  


Além dos 80 mil membros das forças de segurança e gendarmes,  foram destacados 24 veículos blindados Centaure e dez veículos lançadores de água, assim como drones.Sindicatos acusam ministro de “atirar achas para a fogueira”, após um destacamento “sem precedentes” das forças da ordem.


A secretária-geral da CGT, Sophie Binet, criticou esta quinta-feira o destacamento em massa das forças da ordem. Em declarações ao canal France Info, Binet disse que ao mobilizar cerca de 80 mil polícias e gendarmes para as ruas de França: “o ministro do Interior está a atirar achas para a fogueira”.


“Desde esta manhã, há manifestantes que estão a ser atacados com gás lacrimogéneo e agredidos, apesar de serem pacíficos”, denunciou.


Polícia de Paris muito preocupada


O prefeito da polícia de Paris, Laurent Nuñez, convidou na quarta-feira os comerciantes da capital francesa a colocarem “proteções nas suas fachadas”, com receio de distúrbios à ordem pública que possam acontecer na manifestação sindical desta quinta-feira, em Paris, durante o dia de greve. Em declarações à AFP, Laurent Nuñez disse “estar muito preocupado”.


Uma grande manifestação intersindical está agendada para as 14h00 locais (13h00 em Lisboa) na Praça da Bastilha, em Paris, passando pela Praça da República até à Praça da República.




“À frente do cortejo da manifestação intersindical, estarão muito provavelmente presentes perfis de risco, suscetíveis de se organizarem em «Black Bloc» com o intuito de cometer atos de violência, visando nomeadamente símbolos do capitalismo, da autoridade pública ou instituições associadas ao Governo israelita“, explicou.