Viena, Áustria – Uma nova pesquisa apresentada na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD), na última segunda-feira (15/9), em Viena, na Áustria, revela que fumar aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 (DT2), independentemente do subtipo da doença. O estudo também indica que pessoas com predisposição genética ao diabetes são ainda mais vulneráveis aos efeitos nocivos do tabagismo.

O levantamento, conduzido por cientistas da Suécia, Noruega e Finlândia, analisou a relação entre o uso de tabaco e os quatro subtipos propostos de DT2: SIRD (diabetes grave resistente à insulina), SIDD (diabetes grave com deficiência de insulina), MOD (diabetes leve relacionado à obesidade) e MARD (diabetes leve relacionado à idade).

Os pesquisadores utilizaram dados de 3.325 pessoas com DT2 – sendo 495 com SIDD, 477 com SIRD, 693 com MOD e 1.660 com MARD – e 3.897 indivíduos sem diabetes. As informações vieram de um estudo norueguês de longa duração, com acompanhamento médio de 17 anos, e de um estudo de caso-controle realizado na Suécia.

Os resultados revelam que fumantes atuais e antigos apresentaram risco aumentado de desenvolver todos os quatro subtipos de diabetes tipo 2 em comparação com pessoas que nunca fumaram. A associação mais significativa foi observada no subtipo SIRD, com fumantes apresentando mais que o dobro do risco (2,15 vezes) de desenvolver esse tipo em relação a não fumantes. Os aumentos de risco para os demais subtipos foram de 20% (SIDD), 29% (MOD) e 27% (MARD). Além disso, o estudo estimou que o tabagismo é responsável por mais de um terço dos casos de SIRD, enquanto representa menos de 15% nos demais subtipos.

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Fumantes pesados – definidos como aqueles que consumiram 15 maços-ano ou mais (equivalente a fumar 20 cigarros por dia durante 15 anos) – apresentaram riscos ainda maiores. Nessa categoria, a probabilidade de desenvolver SIRD foi 2,35 vezes maior, e os riscos para SIDD, MOD e MARD aumentaram 52%, 57% e 45%, respectivamente.

A pesquisa também avaliou o uso do snus – um tipo de tabaco sem fumaça comum em países escandinavos – entre homens na Suécia. O consumo elevado do produto foi associado ao aumento do risco dos subtipos mais graves, SIDD (19%) e SIRD (13%), em comparação com quem nunca usou snus.

Tabagismo x genética

Outro foco do estudo foi a interação entre o tabagismo e fatores genéticos. Os dados indicaram que fumantes com predisposição genética para diabetes tipo 2, resistência à insulina ou secreção reduzida de insulina enfrentam riscos ainda maiores. Fumantes pesados com risco genético elevado de secreção de insulina prejudicada, por exemplo, tinham 3,52 vezes mais chance de desenvolver o subtipo SIRD.

A autora principal do estudo, Emmy Keysendal, doutoranda no Instituto Karolinska, em Estocolmo, reforça: “É claro que fumar aumenta o risco de diabetes tipo 2, independentemente do subtipo, ou seja, independentemente de o diabetes ser caracterizado por resistência à insulina, falta de insulina, obesidade ou idade avançada”.

Segundo Keysendal, a associação mais forte observada no SIRD sugere que o fumo pode prejudicar diretamente a capacidade do organismo de responder à insulina. “Nossas descobertas enfatizam a importância da cessação do tabagismo na prevenção do diabetes tipo 2. Elas também indicam que informações genéticas podem ajudar a identificar indivíduos com maior probabilidade de se beneficiar de apoio adicional para parar de fumar”, concluiu.

A repórter viajou a convite da Novo Nordisk