Putin fez a revelação durante uma reunião com altos responsáveis parlamentares, transmitida pela televisão, acrescentado que as ações ofensivas têm permitido ganhar terreno nalguns setores. “Na linha da frente estão mais de 700.000” soldados afirmou Putin.
Esta quarta-feira, o responsável pela ofensiva russa no terreno visitou posições ocupadas pelas suas tropas na Ucrânia e disse que as forças de Moscovo estavam a avançar em todas as frentes, informou o Ministério da Defesa russo. Os combates mais intensos estão a ter lugar em redor do centro logístico de Pokrovsk, acrescentou.
O general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas naquilo a que Moscovo chama uma “operação militar especial”, disse que as tropas de Moscovo estavam a progredir na região leste de Donetsk, o ponto focal do conflito, e mais a oeste, nas regiões de Zaporizhzhia e Dnipropetrovsk.
Já Kiev diz que derrotou tropas russas em Dobropillia, também no Donbass e fala em avanços positivos das suas forças.
O Donbass é uma região industrial, mineira e muito fortalecida do leste do país, que centra os combates e onde o avanço das tropas russastem sido lento.
“Estive com os soldados que participaram na contra-ofensiva de Dobropillia”, anunciou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky nas redes sociais, garantindo que a armada ucraniana detém “160 quilómetros livres” nesta zona.
Em agosto, o exército russo conseguiu abrir brechas na resistência ucraniana , numa derrota rara destas forças, dirigindo-se a Dobropillia, cidade que contava com 28.000 habitantes antes da guerra.
A Ucrânia reforçou as tropas para fechar a brecha.
“Pouco a pouco, os soldados libertam o nosso território. Desde o início da operação, foram libertados 160 km2 e sete localidades” perto de Dobropillia, afirmou Zelensky.
Além disso, garantiu o presidente ucraniano, o exército “limpou mais de 170 km2 e nove localidades”, sem dar detalhes. Apesar de terem eliminado as tropas russas, as forças ucranianas não assumiram contudo o controlo da área, indicou uma fonte governamental à Agência France Press.
Imagem positiva de Moscovo
Desde a invasão da Ucrânia, há três anos e meio, Moscovo investiu enormes meios humanos e materiais na guerra.
Os combates têm-se focado nos últimos anos no leste ucraniano, uma área que a Rússia tenta dominar desde 2014, quando Kiev virou politicamente a ocidente, para a União Europeia e a NATO.
Depois de oito anos de apoio a combatentes russo-ucranianos no terreno e perante uma feroz resistência por parte das Forças Armadas ucranianas, Moscovo quis concretizar em 2022 o domínio destas áreas, ricas em recursos naturais, incluindo gás e petróleo.
Desde fevereiro desse ano sofreu grandes perdas, sobretudo no primeiro ano de conflito, estimam analistas independentes. Moscovo nega que o impacto da ofensiva seja significativo.
Numa série de iniciativas de imagem positiva, Moscovo anunciou a reabertura do aeroporto de Krasnadar, na fronteira com a Ucrânia, demonstrando o controlo do território além-fronteiriço. O aeroporto estava encerrado desde o início da invasão em 2022 e retomou as operações no passado dia 17.
A semana ficou ainda marcada pelos exercícios militares conjuntos da Rússia e Bielorrússia, ‘Zarpad2025’, que testaram na região de Nizhny Novgorod a prontidão de combate das forças armadas de ambos os países, por ar, mar e terra.
Vladimir Putin e Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia assistiram juntos às manobras.
Trump “muito desiludido” com Putin
As declarações de Vladimir Putin coincidiram com o fim da reunião no Reino Unido, entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino unido.
Starmer considerou necessário “aumentar a pressão sobre Putin” para por fim à guerra na Ucrânia, enquanto Trump se mostrou desiludido com o homólogo russo.
“Ele desiludiu-me. Desiludiu-me mesmo”, afirmou durante uma conferência de imprensa ao lado de Starmer, após uma reunião entre ambos.
Donald Trump reconheceu também que solucionar a guerra na Ucrânia se tem revelado mais complexo do que esperava.
Os dois líderes debateram formas de aumentar o apoio à defesa da Ucrânia, entre outros temas.