A Força Aérea Portuguesa (FAP), em sintonia com as forças armadas de outros países, elevou o nível de prontidão e intensificou o treino de militares. O chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) admite que se trata de uma situação que resulta da instabilidade internacional e do apoio à Ucrânia. “Vivemos uma situação na Europa que todos conhecemos. Estamos na ponta da Europa, mas a segurança afeta-nos a todos, não só nas nossas águas, mas também noutras áreas”, disse o general Cartaxo Alves.

A FAP cancelou uma série de eventos públicos previstos para as próximas semanas alegando razões operacionais. No fim de semana de 27 de setembro estava prevista a “Base Aberta”, em Beja, que coincide com o Tiger Meet Exercise da NATO, que decorre por estes dias  no mesmo local. As manobras envolvem mais de 3 mil militares de 14 países, 70 aeronaves pertencentes a 19 esquadras. “Le Bourget [Festival Aéreo de Paris] foi cancelado, na Dinamarca [outro festival aéreo] foi cancelado e na maioria dos países também. São decisões que não são tomadas isoladamente”, explica o CEMFA em resposta ao Observador.

O cancelamento dos festivais aéreos é, agora, justificado com o reconhecimento da necessidade de ter equipamento e efetivos num grau mais elevado de prontidão. Algo que o comunicado inicial não esclarecia. Quando questionado sobre esta matéria pelo Observador, esta manhã, na Base Aérea Nº11, o ministro da Defesa, Nuno Melo, remeteu as respostas para o general Cartaxo Alves, que o acompanhou na visita, em Beja.

A Suécia, o mais recente membro da NATO, quer comprar 4 aviões KC390 da Embraer. Estes aparelhos contam com peças e tecnologia portuguesa desenvolvida pela OGMA. A venda de cada avião poderá representar um encaixe financeiro para o estado português de 11,3 milhões de euros, uma vez que Portugal detém 35% da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal. Algumas das peças que equipam as aeronaves são fabricadas em Évora.

O ministro da Defesa, acompanhado pelo CEMFA, reuniu-se esta manhã, na Base Aérea nº 11, em Beja, com o homólogo sueco. No final da visita à esquadra 506, e ao lado de Nuno Melo, o governante sueco afirmou que o seu país está exposto “à agressão ilegal da Rússia contra a Ucrânia”. Pål Jonson lembra que há cerca de 19 meses Portugal e Suécia eram parceiros na área dos negócios de defesa. Porém, desde a entrada do país na NATO, em março de 2024, passaram a ser “aliados” e, agora, com a compra da aeronave da Embraer, estão juntos no “Clube KC-390”, assinala o ministro sueco. Sobre o aumento do investimento em defesa, Jonson assegurou que, no próximo ano, a Suécia atingirá os 2,8% do PIB. Explicou ainda que o país irá avançar para a maior operação de rearmamento desde os anos 1950. Por agora, Estocolmo procura substitutos para o Hércules C130. Na base alentejana está sedeada a Esquadra 506 – Rinocerontes, onde está instalado um simulador do KC390, onde os ministros de Portugal e Suécia puderam assistir a uma demonstração das potencialidades do aparelho.

Aquele avião está vocacionado para missões de transporte aéreo, reabastecimento e vigilância e combate a incêndios. Portugal tem um contrato com a Embraer que prevê a compra de seis aparelhos por cerca de 900 milhões de euros. Três já foram entregues pelo construtor brasileiro. Esta quarta-feira foi assinado um memorando com a construtora brasileira que dá a Portugal a opção de compra de 10 aeronaves para posterior revenda a outros países.