Fukuoka Area Waterworks

A primeira central de energia osmótica do Japão utiliza o processo de osmose para alimentar uma turbina que, por sua vez, cria energia.

Imagine gerar eletricidade não a partir da luz solar ou do vento, mas da simples mistura de água doce e salgada. Esta é a promessa da energia osmótica, que já está a ser implementada no Japão.

Eletricidade por osmose: a ideia existe há décadas, mas só agora começou a ser utilizada no mundo real. O Japão inaugurou a primeira fábrica deste tipo, no final de agosto, e está a dar muito que falar.

O princípio subjacente ao potencial osmótico é enganadoramente simples: quando a água doce e a água salgada são separadas por uma membrana semipermeável, as moléculas de água deslocam-se naturalmente através da barreira para equilibrar a diferença. Esse fluxo cria uma pressão suficientemente forte para fazer girar uma turbina. Sem combustão, sem emissões. E, ao contrário da energia eólica ou solar, não há dependência das condições climatéricas ou da luz do dia, o que a torna capaz de funcionar continuamente.

O primeiro impulso real veio em 2009, quando a empresa norueguesa Statkraft construiu um dos primeiros protótipos de centrais elétricas osmóticas do mundo. O modelo de demonstração de quatro quilowatts provou que o conceito podia gerar eletricidade, mas, devido aos custos, a tecnologia permaneceu sobretudo em laboratórios e pequenos projetos-piloto.

Agora, apenas pela segunda vez desde o desenvolvimento desses protótipos, foi inaugurada uma instalação à escala real em Fukuoka, no Japão.

É apenas a segunda central de energia osmótica do mundo concebida para produção contínua, após o lançamento de outra central na Dinamarca em 2023.

Embora considerada modesta em termos de escala, segundo a New Atlas, produzirá cerca de 880.000 quilowatts-hora por ano – o suficiente para abastecer 220 habitações ou compensar as necessidades energéticas de uma central de dessalinização.

Central revolucionária

Como salienta a New Atlas, o que distingue a instalação de Fukuoka de todas as iterações anteriores da tecnologia não é a quantidade de energia que gera, mas a forma como aplica a física às infraestruturas.

Ao ligar-se a uma central de dessalinização, aproveita os resíduos de salmoura concentrados que, de outra forma, seriam eliminados, criando um contraste de salinidade mais acentuado do que o que os rios proporcionam naturalmente.

Esses gradientes mais fortes aumentam a eficiência e fundamentam a geração osmótica em sistemas existentes e não no laboratório.

A utilização da salmoura concentrada da dessalinização aumenta a energia disponível. Esta integração representa um marco na engenharia – e sublinha a principal atração da energia osmótica: a sua fiabilidade.

Ao contrário da energia solar ou eólica, a energia osmótica pode funcionar continuamente onde quer que a água doce e a água salgada se encontrem: em estuários, instalações de dessalinização e até em lagos salgados interiores.

Embora a energia osmótica possa nunca atingir a escala da energia solar ou eólica, à medida que as redes de energia se diversificam, as energias renováveis de fundo estável serão mais importantes do que nunca, especialmente quando podem ser ligadas às infraestruturas existentes.


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