As autoridades ucranianas afirmaram hoje que presentemente não se está a negociar a paz com a Rússia, mas apenas, por enquanto, questões humanitárias, sobretudo relacionadas com a libertação e troca de prisioneiros.
O esclarecimento foi feito pelo ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, numa entrevista concedida à estação televisiva CNN, na qual atribuiu a atual inexistência de negociações de paz com a falta de empenho da Rússia em pôr fim à guerra.
Umerov sublinhou que a Ucrânia, ao contrário da Rússia, sempre respeitou as iniciativas de paz do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – a única pessoa, disse, “capaz de acabar com a guerra”.
O ministro ucraniano recordou que a “deceção” expressada há alguns dias por Trump sobre a posição que a Rússia continua a manter é reflexo de que “não há qualquer empenho” de Moscovo em prosseguir as negociações.
“Nós (…) apoiámos esta iniciativa”, insistiu.
“Por enquanto, continuamos com a parte humanitária, em que libertamos e trocamos prisioneiros de guerra”, indicou, poucas horas depois de a Rússia ter entregado às autoridades ucranianas mais mil cadáveres de soldados ucranianos.
O ministro da Defesa disse que a Ucrânia cumpriu a sua parte do acordo com os Estados Unidos e seus aliados europeus para poder negociar o fim da guerra, que passa por estes conseguirem dar-lhe garantias de segurança viáveis.
“Nesta altura, já cumprimos a nossa parte do acordo (…). Agora, é a vez da Rússia”, sustentou Umerov.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas), alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia – além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.