Obra parte de uma crítica à forma como a vida urbana segrega e desumaniza (Foto: Divulgação)
Natural de Santo André, o escritor Ricardo Pecego lançou, nesta terça-feira (29/07), a obra Cidadão, livro que mergulha nas camadas invisíveis das grandes cidades por meio de personagens comuns, frequentemente reduzidos a estereótipos.
Ambientado sobretudo na metrópole paulistana, o livro reúne contos protagonizados por figuras como o pasteleiro descendente de japoneses, a usuária compulsiva de WhatsApp e o passageiro solitário do trem noturno — perfis que desmontam a ilusão de que se conhece alguém apenas pelo que se vê.
A obra parte de uma crítica à forma como a vida urbana segrega e desumaniza. Para Pecego, a cidade impõe uma hierarquia invisível, que relega parte da população à condição de indesejada. Cidadão propõe um olhar atento ao que costuma passar despercebido: rostos anônimos, silêncios cotidianos, vidas ignoradas. Escrita ao longo de nove meses, entre rascunhos e revisões, a narrativa questiona a lógica que empurra indivíduos para a margem, reafirmando que a vida — mesmo distante dos padrões impostos — carrega valor e dignidade.
Este é o segundo título de Pecego, após Caparaó (2020). Embora não seja uma continuação, insere-se em um projeto literário que tensiona estruturas sociais e reflete sobre pertencimento. Influenciado por autores como Ailton Krenak, Joice Berth e Milton Santos, o escritor aposta em uma linguagem direta e contida, com contos breves e sem artifícios. A concisão, segundo ele, nasce da escuta: cada história exige seu próprio tempo e medida.
Além da literatura, Pecego atua como produtor cultural em projetos que articulam arte e transformação social. Desde 2019, dedica-se integralmente à escrita e à mediação de leitura, levando livros a feiras do interior paulista por meio de uma livraria ambulante. Cidadão também nasce dessa vivência com leitores anônimos e trajetórias invisíveis.
Com lançamentos previstos para julho e agosto, a obra será apresentada em eventos em Paraty (RJ), São Paulo (capital), Itapira, Espírito Santo do Pinhal (SP) e Poços de Caldas (MG). Durante a Flip 2025, o autor participa de uma sessão de autógrafos na Casa Pagã, no dia 31 de julho, às 10h. Já em 10 de agosto, às 16h30, conduz uma roda de conversa com Leila Marisa Silva e Paulo Romão no Museu e Biblioteca Dr. Abelardo Vergueiro Cesar, em Espírito Santo do Pinhal, onde atualmente vive. Outras datas ainda serão divulgadas.