Foram entre 500 mil e mais de um milhão de manifestantes que marcharam na quinta-feira, 18 de setembro, em toda a França, segundo dados divergentes das autoridades e da CGT.
Enquanto a polícia apontou para “mais de 500 mil” manifestantes, a intersindical contabilizou “mais de um milhão de pessoas” em todo o país, uma mobilização superior à do dia 10 de setembro, que reuniu cerca de 200 mil pessoas.
“A França não foi bloqueada”
Apesar da promessa do movimento “Bloquons Tout” (Bloqueemos tudo, em português), o ministro francês do Interior demissionário, Bruno Retailleau, congratulou-se que a França não tenha sido bloqueada. Numa conferência de imprensa, na quinta-feira à noite, Bruno Retailleau anunciou
a detenção de 309 pessoas e a colocação de 134 em prisão preventiva, acrescentando que foram identificados “7.300 indivíduos radicalizados”. “A violência não é um meio de ação política legítimo e ninguém deve
desculpá-la. Não pode haver liberdade de manifestação sem o respeito
pelas leis”, reagiu o primeiro-ministro francês.
O ministro adiantou ainda que 26 polícias e gendarmes franceses ficaram feridos, nomeadamente em Rennes, onde se registaram alguns incidentes e “um gendarme móvel ficou ferido na mão durante a detenção de um black-boc”, de acordo com a AFP.
Na educação, quase um em cada seis professores esteve em greve no ensino básico e secundário. De acordo com dados da tutela, 23 liceus foram completamente bloqueados e 52 outros estabelecimentos de ensino foram alvo de bloqueios seletivos à porta das instalações.
Nas farmácias, os farmacêuticos aderiram em massa à greve para denunciar a redução dos descontos sobre os medicamentos genéricos: cerca de 18 das 20 mil farmácias francesas estiveram fechadas, segundo o sindicato dos farmacêuticos.
Segundo o ministério francês dos Transportes, registou-se uma “situação
perturbada” no tráfego nos transportes em França, “conforme o anunciado”,
mas “não bloqueada”. No Estado, mais de 12 por cento dos
funcionários aderiram à greve, segundo os números do Ministério francês da Função
Púlica.
“Prosseguir o diálogo”
No final do dia de mobilização, convocado pelas oito organizações sindicais francesas, o primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, declarou que receberá novamente as organizações sindicais “nos próximos dias” e que está desejoso de “prosseguir o diálogo”.
Sébsatien Lecornu garantiu que as “reinvidicações” dos manifestantes por uma maior justiça social e fiscal estão “no centro das consultas” que iniciou desde a sua nomeação no início do mês.
Sindicatos lançam ultimato
Já os sindicatos franceses congratularam-se com um segundo dia de
greve “bem-sucedido” e estiveram reunidos durante a manhã para decidir o
futuro da mobilização.
No final da reunião, a intersindical lançou um ultimato ao chefe do Governo francês, que tem agora menos de uma semana para apresentar propostas que correspondam às suas expetativas e conseguir travar uma nova mobilização.