Uma curta viagem de moto, da Savassi ao Centro de Belo Horizonte, pode ter causado a perda de imagens que seriam importantes para a decoração da nova sede da Aletria, uma editora, produtora cultural e escola para formação de contadores de histórias na capital mineira. 

Na última quarta-feira (17), um motociclista de aplicativo estava realizando a entrega das obras – quatro xilogravuras e dois pôsteres – até o Mercado Novo, local em que seriam emolduradas. Até que, no momento em que chegou ao destino, o motoboy percebeu que a sacola, com as imagens, estavam vazias. 

É o que conta a responsável pela cenografia da nova sede, Natália Beirão, para o Estado de Minas. Ela relata que, durante a tarde, colocou as imagens, em formato de tubo, dentro de uma sacola branca, e solicitou uma viagem para entregá-las ao moldureiro. Porém, o motociclista explicou que notificou no aplicativo de viagem que o material teria sido perdido. 

“Eu liguei para o motoboy, que disse que as imagens caíram. Ele falou: ‘amarrei a sacola na minha mochila e no caminho perdi’ e a ligação caiu. Comecei a ficar desesperada, tentei ligar de volta, tentei contato com alguém do aplicativo, até que consegui falar com ele de novo”, explica. “Eu saí correndo, peguei o carro e comecei a fazer o mesmo trajeto. Ele me ligou, pedindo desculpas, disse que também fez todo o caminho de volta, mas não conseguiu achar”, completa. 

Mesmo em um trajeto curto, de aproximadamente quatro minutos, Natália reconhece a dificuldade de encontrar as obras. “Alguém pode ter passado e pegado, ou até achado que era lixo, né? Porque estava dentro de um saco branco”, conta. 

O transporte das imagens aconteceu entre às 16h23 e 16h33, saindo da Rua Cláudio Manoel e passando pelas Avenidas Pernambuco e Santa Rita Durão, depois pela Praça da Liberdade, em seguida Bias Fortes, Aimorés, Álvares Cabral e Gonçalves Dias. 

Obras perdidas  

A fundadora da Aletria, Rosana Mont’Alverne, explicou ao EM que, dentre as obras perdidas, quatro são imagens foram compradas há dez anos, diretamente com J. Borges, um dos precursores da xilogravura. “Eu escolhi com o maior gosto e pensei: vou guardar essas gravuras para quando tiver uma sede da Aletria, que tem espaço para a gente colocar essas gravuras de modo que as pessoas todas possam apreciar”. 

Com a mudança da sede da editora para uma casa localizada na Savassi, Região Centro-Sul de BH, a direção da Aletria decidiu inaugurar uma pequena livraria infantil – local que seria decorado com as imagens perdidas. “Eu peguei as xilogravuras e pensei em emoldurar e colocar elas em um lugar de destaque na livraria, para as pessoas já entrarem e verem”. 

Dentre as obras, também estava uma tipografia de Flávio Vignoli, artista mineiro que possui uma loja no Mercado Novo. “Pedi para ele fazer uma tipografia do ‘o bem, o mau, o feio e o editor’, porque a vida do editor é uma luta”, brinca Rosana. Ainda tinha uma ilustração de Bruna Lubambo, que fez uma imagem de São Francisco de Assis, “é o ‘padroeirinho’ que a gente ama, o santinho da Aletria”, finaliza. 

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Pedido de ajuda 

Em busca de recuperar as imagens, o perfil nas redes sociais da Aletria divulgou a história. “Se você mora em BH, compartilhe, por favor. Quem sabe a pessoa que achou as xilogravuras perdidas descubra que o destino delas era decorar uma adorável livraria infantil”, escreveu. 


Aletria 

  • Endereço: R. Cláudio Manoel, nº1034 – Savassi, BH. 
  • Telefone: (31) 98303-4728 
  • Instagram

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice