Visual Generation / stock.adobe.comDia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer é celebrado em 21 de setembro. Visual Generation / stock.adobe.com

Condição clínica progressiva  caracterizada pelo comprometimento cognitivo, a demência acomete mais de 50 milhões de pessoas no mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras, publicado pelo Ministério da Saúde, revelou que 1,8  milhão de pessoas viviam com este quadro em 2019, representando cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais. A maioria delas convive com seu tipo mais predominante: a doença de Alzheimer. A projeção é que, até 2050, cerca de 6,7 milhões de pessoas sejam diagnosticadas com a condição no país. 

O aumento no número de pessoas com demência é um cenário observável em toda a América Latina, região mais afetada pela doença no mundo. No entanto, estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado no ano passado pela revista acadêmica de saúde The Lancet Global Health, mostrou que ao menos 40% desses casos poderiam ser evitados no Brasil. 

Embora o Alzheimer esteja ligado ao envelhecimento, a idade não é uma sentença para o desenvolvimento desse quadro de demência. Isso porque a doença depende de uma série de fatores coletivos para se manifestar, como explica a médica geriatra cooperada da Unimed Porto Alegre Maria Cristina Berleze. 

— Desde a infância até a idade adulta, existem diversos aspectos que podem evitar o surgimento do Alzheimer. A educação, por exemplo, é um fator crucial. Aprender uma segunda língua pode retardar o aparecimento da doença em cinco anos. Fazer atividade física regular, três vezes por semana, reduz as chances em 50%.

Cuidado contínuo

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que interfere no comportamento e na personalidade do indivíduo, levando à perda de memória e ao declínio das funções cognitivas. Por isso a prevenção passa pelo estímulo constante do cérebro. No Brasil, conforme a pesquisa da FMUSP, a educação de qualidade é o fator mais importante de prevenção, sendo responsável por evitar 8% dos casos,  seguido do tratamento da hipertensão (8%), que aumenta o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e demência  vascular, e perda auditiva (7%), que pode comprometer a interação social e afetar negativamente a cognição. 

Maria Cristina Berleze explica que os processos degenerativos do Alzheimer começam até 30 anos antes dos primeiros sintomas. Por isso, realizar escolhas saudáveis durante toda vida é importante para evitar uma doença para a qual não existe cura. 

— Quando os sintomas aparecem, é porque já há uma alteração cerebral. Os sinais iniciais são amnésicos, ou seja, de esquecimento, que prejudicam  as atividades diárias. 

Sintomas mais comuns

A médica geriatra explica que entre as manifestações mais comuns do Alzheimer estão a dificuldade em manter conversas (falas repetitivas); perda da noção de tempo e espaço;  incapacidade de planejar tarefas (disfunção executiva); necessidade de ajuda para atividades rotineiras, como se alimentar, tomar banho e se vestir; alterações comportamentais, como irritabilidade, visões, alucinações ou interpretações falsas da realidade. 

— Com a evolução da doença, a pessoa passa a viver no passado. A memória é como se fosse um armário de gavetas, onde cada uma contém as lembranças de um ano específico. No caso do Alzheimer, é como se as gavetas caíssem e se misturassem, fazendo com que a pessoa reviva situações antigas como se fossem atuais.

Apoio familiar

Mesmo que ainda não exista cura para o Alzheimer, há estratégias para ajudar o paciente e a família a lidar com a doença, como medicamentos para o controle de sintomas e terapias não farmacológicas, como atividades de estimulação cognitiva, social e física. Maria Cristina enfatiza que a busca por ajuda profissional é indispensável, e que o diagnóstico não é uma sentença. Nesse momento, o apoio familiar faz toda a diferença. 

— A área do cérebro que armazena os sentimentos é diferente da que armazena os fatos. Mesmo que o paciente não se lembre da sua visita, o sentimento de carinho que ele sente no momento não é esquecido. Cuidar de uma pessoa com Alzheimer é um desafio, mas extremamente recompensador do ponto de vista humano — finaliza.

Exercitando corpo e mente

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, após os 65 anos o risco da doença aumenta. As chances de desenvolver a condição podem ser maiores se um parente de primeiro grau, como pais ou irmãos, tem o diagnóstico, e podem aumentar em pessoas que já possuem comprometimento cognitivo anterior. 

Por isso, manter a cabeça ativa e uma boa vida social é fundamental para a prevenção deste quadro. O cuidado com a saúde física e mental é o pilar da prevenção, com controle dos níveis de colesterol, glicemia e da pressão arterial. 

Conforme estudo publicado no The Journals of Gerontology, a solidão pode aumentar em até 40% o risco de demência. Por esse motivo, a sociabilidade é recomenda por médicos. Sair de casa, participar de atividades em grupo ou até mesmo aprender um novo idioma, são formas de manter a socialização em dia, não se isolar, estimular a mente e fazer novos amigos. 

Confira atividades para fazer em casa ou ar livre que estimulam o corpo e a mente e podem ajudar na prevenção do Alzheimer: 

Atividades mentais 

  • Fazer palavra cruzada 
  • Aprender um novo idioma 
  • Cozinhar uma nova receita 
  • Escrever um diário de memórias  
  • Montar um quebra-cabeça  
  • Participar de um clube de leitura

Atividades físicas 

  • Caminhada 
  • Corrida 
  • Yoga 
  • Meditação 
  • Pilates 
  • Ativação corporal