Novas diretrizes brasileiras sobre hipertensão arterial divulgadas nesta semana passaram a estabelecer que a pressão a partir de 12 por 8 (120 mmHg sistólica e/ou 80 mmHg diastólica) passa a ser considerada um caso de “pré-hipertensão”. Antes, a faixa era considerada de um valor normal.

A mudança acompanha atualizações feitas pelas sociedades europeias e americanas, que também criaram uma classificação de “pressão elevada” antes da hipertensão propriamente dita, que continua definida como uma pressão a partir de 14 por 9 (140 mmHg sistólica e/ou 90 mmHg diastólica).

A cardiologista Andréa Brandão, coordenadora da diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), explica que a novidade reflete evidências científicas mais recentes que mostraram um aumento da pressão, ainda que insuficiente para ser diagnosticado como hipertensão, já é associado a maiores riscos à saúde e pode se beneficiar de um tratamento:

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“Estudos têm demonstrado que as pessoas na pré-hipertensão já têm maior risco de desenvolver hipertensão e outras complicações cardiovasculares do que aqueles que têm a pressão menor que 12 por 8. Então é uma faixa em que temos um potencial de prevenção de doenças cardiovasculares muito grande, vale a pena investirmos nela. As medidas não medicamentosas devem ser aplicadas de forma muito rigorosa nessa etapa.”

Por isso, as diretrizes definem que sim, se a sua pressão está em 12 por 8 já é necessário aderir ao tratamento chamado de não medicamentoso. Ele envolve uma série de mudanças de hábitos de vida, que podem diminuir a pressão e evitar uma piora do quadro. São elas:

Manter o peso adequado: IMC deve ficar abaixo de 25 kg/m² em adultos e de 27 kg/m² em idosos;

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Intervenções dietéticas: Reduzir ingestão de sódio, a menos de 2g/dia (equivalente a menos de 5g/dia de sal) e aumentar consumo de potássio, para 3,5g/ dia ou mais. Priorizar hábitos da dieta DASH;

Atividade física: Deixar o sedentarismo e realizar ao menos 150 minutos por semana de exercício aeróbico moderado, 75 minutos por semana de aeróbico vigoroso ou uma combinação equivalente. Aliar a treinamento de resistência (musculação);

Reduzir álcool: Limitar ingestão de álcool a 2 doses ou menos por dia no caso dos homens, e até 1 dose por dia no das mulheres. A dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou um shot de destilado;

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Deixar o tabagismo: Parar de fumar, tanto cigarros convencionais, como outros modelos a exemplo de cigarros eletrônicos e narguilés;

Controlar o estresse: Adotar técnicas de controle do estresse, como meditação, respiração lenta e práticas de espiritualidade e religiosidade.

Já se o paciente pré-hipertenso estiver com a pressão acima de 13 por 8, tiver alto risco cardiovascular e não conseguir controlá-la com três meses de mudanças nos hábitos, os remédios passam a ser indicados.

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“As principais intervenções para fazer com que a pressão fique controlada são sempre inicialmente não medicamentosas. Mudanças de estilo de vida são muito eficazes para diminuir a pressão. Mas dependendo do perfil de risco global da pessoa, como presença de outras comorbidades, caso de diabetes, por exemplo, também podemos adicionar alguma medicação”, explica Pedro Lemos, cardiologista do Einstein Hospital Israelita, em São Paulo.