A Rússia continua a ser um fornecedor com alguma importância no gás natural que entra em Portugal. De acordo com as estatísticas da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), até julho chegaram duas cargas de gás natural liquefeito (GNL) com origem russa no total de 185,5 mil metros cúbicos. Esta quantidade representa menos de 10% do gás importado este ano — cerca de 7% —, no entanto a Rússia é a terceira principal fonte de GNL que entra pelo terminal de gás liquefeito de Sines.
Este ano chegaram a Sines duas cargas vindas da Rússia, a segunda das quais em maio, quando já era necessária uma autorização das autoridades nacionais.
Até julho, o principal fornecedor de Portugal foi a Nigéria, com mais de 50%, seguida dos Estados Unidos com 30%, da Espanha (através de gasoduto) e da Rússia.
O gás russo chegou a abastecer 12% das importações nacionais em 2021, mas com o eclodir da guerra da Ucrânia o peso desta origem caiu para menos de 10%, oscilando entre 5% em 2022 (primeiro ano do conflito) e os 7,5% no ano seguinte. Em sentido contrário, Portugal reforçou as compra aos Estados Unidos, que são agora o segundo maior fornecedor a seguir à Nigéria.
A União Europeia quer antecipar a prevista proibição de compra de GNL russo para entrar em vigor até 1 de janeiro de 2027, no quadro do 19º pacote de sanções à Rússia. A medida conta com a oposição dos países próximos de Moscovo, nomeadamente a Eslováquia e a Hungria, que nunca deixou de contar com o gás russo.
O gás russo que entra em Portugal tem sido associado a contratos de longo prazo com um fornecedor espanhol, a Naturgy, que nunca deixou de comprar à Rússia por causa da guerra na Ucrânia. Uma parte deste gás é usado para abastecer os clientes da empresa espanhola em Portugal. A Naturgy surge como o segundo maior fornecedor de gás no mercado nacional, com cerca de 20%, superada apenas pela Galp. Esta quota é assegurada sobretudo por grandes clientes industriais.
A Naturgy tem um contrato para compra de gás com origem na Sibéria que vence apenas em 2038, refere o El Pais. Este gás chegava inicialmente através de gasoduto, que era gerido pela empresa estatal Gazprom, mas agora vem por mar e tem como parceiro um consórcio privado russo, a Yamal GNL. A Espanha aparece como um dos países europeus que mais GNL tem comprado à Rússia após o início da guerra na Ucrânia.
Nos últimos anos, o terminal de Sines consolidou-se como a grande porta de entrada em Portugal, a partir do contrato de longo prazo que a Galp tem com a Nigéria, mas também por via dos contratos mais recentes com fornecedores americanos que abastecem a Galp e a EDP.