O Japão atingiu um novo marco em longevidade: 99.763 pessoas com 100 anos ou mais, um aumento de 4.644 em relação ao ano anterior, marcando o 55º ano consecutivo de crescimento no número de centenários no país.

A esmagadora maioria são mulheres: 87.784 centenárias contra 11.979 homens, representando quase 88% do total. A média nacional é de 80,58 centenários por 100 mil habitantes, embora haja diferenças regionais expressivas. A província de Shimane lidera a lista, com 168,69 centenários por 100 mil habitantes.

Envelhecimento da população faz Japão encerrar festival milenar com homens seminus Envelhecimento da população faz Japão encerrar festival milenar Sominsai, com homens semi-nus — Foto: Philip Fong/AFP Envelhecimento da população faz Japão encerrar festival milenar Sominsai, com homens semi-nus — Foto: Philip Fong/AFP

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Envelhecimento da população faz Japão encerrar festival milenar Sominsai, com homens semi-nus — Foto: Philip Fong/AFP

Os cantos apaixonados de “jasso, Jewela” (que significa “deixe o mal ir”) ecoaram por uma floresta de cedro na região de Iwate, no norte do Japão — Foto: Philip Fong/AFP Os cantos apaixonados de “jasso, Jewela” (que significa “deixe o mal ir”) ecoaram por uma floresta de cedro na região de Iwate, no norte do Japão — Foto: Philip Fong/AFP

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Os cantos apaixonados de “jasso, Jewela” (que significa “deixe o mal ir”) ecoaram por uma floresta de cedro na região de Iwate, no norte do Japão — Foto: Philip Fong/AFP

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A organização do evento tornou-se um fardo pesado para os idosos fiéis locais, que têm dificuldade em manter o rigor do ritual — Foto: Philip Fong/AFP A organização do evento tornou-se um fardo pesado para os idosos fiéis locais, que têm dificuldade em manter o rigor do ritual — Foto: Philip Fong/AFP

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A organização do evento tornou-se um fardo pesado para os idosos fiéis locais, que têm dificuldade em manter o rigor do ritual — Foto: Philip Fong/AFP

O festival “Sominsai”, considerado um dos mais estranhos do Japão, é a última tradição a ser afetada pela crise demográfica do país — Foto: Philip Fong/AFP

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O festival “Sominsai”, considerado um dos mais estranhos do Japão, é a última tradição a ser afetada pela crise demográfica do país — Foto: Philip Fong/AFP

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A sociedade japonesa envelheceu mais rapidamente do que a de muitos outros países, uma tendência que forçou o encerramento de escolas e empresas — Foto: Philip Fong/AFP

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A sociedade japonesa envelheceu mais rapidamente do que a de muitos outros países, uma tendência que forçou o encerramento de escolas e empresas — Foto: Philip Fong/AFP

Festival do Templo Kokuseki era realizado do sétimo dia do Ano Novo Lunar até a manhã seguinte, mas a pandemia de Covid já havia forçado a redução do evento — Foto: Philip Fong/AFP

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Festival do Templo Kokuseki era realizado do sétimo dia do Ano Novo Lunar até a manhã seguinte, mas a pandemia de Covid já havia forçado a redução do evento — Foto: Philip Fong/AFP

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A última comemoração foi uma versão abreviada, que terminou por volta das 23h, mas atraiu a maior multidão de que há memória recente — Foto: Philip Fong/AFP

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A última comemoração foi uma versão abreviada, que terminou por volta das 23h, mas atraiu a maior multidão de que há memória recente — Foto: Philip Fong/AFP

Ao anoitecer, homens de tanga branca iam ao templo, banhavam-se em um riacho e marchavam ao redor do terreno do templo, cerrando os punhos contra o frio da brisa de inverno enquanto cantavam "jasso Jewela" — Foto: Philip Fong/AFP

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Ao anoitecer, homens de tanga branca iam ao templo, banhavam-se em um riacho e marchavam ao redor do terreno do templo, cerrando os punhos contra o frio da brisa de inverno enquanto cantavam “jasso Jewela” — Foto: Philip Fong/AFP

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Quando o festival atingiu o seu auge, centenas de homens aglomeraram-se dentro do templo de madeira grita — Foto: Philip Fong/AFP

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Quando o festival atingiu o seu auge, centenas de homens aglomeraram-se dentro do templo de madeira grita — Foto: Philip Fong/AFP

Muitos participantes e visitantes manifestaram a sua tristeza e compreensão no final do festival, que tem versões similares em outros templos — Foto: Philip Fong/AFP

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Muitos participantes e visitantes manifestaram a sua tristeza e compreensão no final do festival, que tem versões similares em outros templos — Foto: Philip Fong/AFP

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‘Sominsai’ é considerado um dos eventos mais estranhos do país

A pessoa mais velha registrada no Japão é Shigeko Kagawa, de 114 anos, que atuou por décadas como obstetra e ginecologista. Apesar de manter uma rotina regular e dieta moderada, não há declarações específicas sobre hábitos como caminhadas ou rotinas diárias.

Outros exemplos incluem Shitsui Hakoishi, de 108 anos, reconhecido pelo Guinness World Records como o barbeiro ativo mais velho do mundo.

Esses dados revelam duas realidades: de um lado, o país continua a registrar pessoas com idades extraordinárias; de outro, enfrenta um rápido declínio populacional. Em 2024, o Japão teve uma queda histórica de mais de 900 mil habitantes, resultado de um número recorde de mortes aliado a uma taxa de natalidade historicamente baixa.

O governo descreveu a situação como uma “emergência silenciosa” e anunciou medidas de apoio às famílias.

Fatores por trás da longevidade

Pesquisas apontam que não há uma única razão para o elevado número de centenários. A longevidade japonesa é atribuída a uma combinação de fatores repetidamente observados em estudos científicos e análises demográficas.

A nutrição é um deles. A dieta tradicional japonesa — rica em peixe, soja, vegetais, chá verde e pobre em gorduras saturadas — tem sido associada a menores taxas de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, favorecendo uma expectativa de vida maior. Regiões como Okinawa, conhecidas como Zonas Azuis pela alta concentração de centenários, são estudadas por seus hábitos alimentares e culturais, que contribuem para a longevidade.

Outro fator é o sistema de saúde. Após o período pós-guerra, o Japão expandiu rapidamente a assistência médica, com acesso universal e programas de prevenção que reduziram significativamente a mortalidade por doenças antes fatais. Estatísticas mostram declínios históricos em mortes por doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

Estilos de vida e redes sociais também desempenham papel importante. Estudos sobre envelhecimento saudável destacam a relevância de incorporar atividade física diária — como caminhar ou realizar tarefas cotidianas — e manter redes familiares e comunitárias fortes, que promovem integração social e saúde mental. Embora difíceis de mensurar, esses fatores são comuns em regiões com maior longevidade.

Por fim, fatores biológicos e demográficos contribuem. A genética pode influenciar a longevidade, mas especialistas concordam que o ambiente, hábitos saudáveis e políticas públicas explicam grande parte da diferença em relação a outros países.

No entanto, essa longevidade tem custo social e econômico. Com o aumento do número de centenários e da população idosa, o Japão enfrenta pressões sobre pensões, cuidados de longa duração e gastos com saúde. O declínio da população ativa complica ainda mais o financiamento desses serviços e a sustentabilidade fiscal a médio prazo.