As cerimónias fúnebres de Charlie Kirk este domingo, em Phoenix, vão ter segurança ao nível de acontecimentos como o Super Bowl, dada a presença de figuras importantes da política norte-americana, desde logo o Presidente, Donald Trump.

O nível de alerta fixado pelo Departamento de Segurança Interno é de um, o que equivale a eventos como o Super Bowl ou a Maratona de Nova Iorque, de acordo com a imprensa norte-americana. Apesar de não haver notícia de ameaças concretas, as autoridades estão de sobreaviso para o carácter sensível do funeral do activista político da direita radical norte-americana.

“Extremistas violentos e atacantes solitários sem filiação podem ver o serviço fúnebre, ou os eventos relacionados, como alvos de ataque atraentes por causa da participação destes indivíduos, dirigentes de alto escalão do Governo dos EUA, dirigentes estaduais e locais, e activistas políticos, e também devido à grande atenção mediática internacional”, lê-se num memorando divulgado por várias agências de segurança citado pela ABC News.


O funeral de Kirk promete fazer levar ao estádio State Farm, em Phoenix, no Arizona, milhares de pessoas para prestar a última homenagem a uma das figuras mais influentes do movimento MAGA (Make America Great Again), assassinado a tiro a 10 de Setembro durante um encontro com estudantes de uma universidade no Utah. A polícia de Glendale, o subúrbio de Phoenix onde se situa o estádio, prevê que cem mil pessoas possam acorrer ao local, embora a lotação máxima do State Farm seja de 75 mil. A organização do funeral, a cargo da Turning Point USA, fundada por Kirk, tem em cima da mesa a possibilidade de instalar pessoas numa sala de espectáculos próxima do estádio.

Mais do que uma simples homenagem, o funeral de Kirk será um mega-comício da direita radical norte-americana que gravita em torno de Trump. Além do Presidente, estão previstos discursos do vice-Presidente, J. D. Vance, que era muito próximo de Kirk, do secretário de Estado, Marco Rubio, do secretário da Defesa, Pete Hegseth, da directora do Serviço de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e do influente comentador Tucker Carlson, entre muitas outras personalidades e membros da Administração.

Num ambiente político ainda mais intensamente polarizado desde o assassínio de Kirk, são esperadas novas invectivas contra o Partido Democrata e a esquerda em geral, vistos como responsáveis morais pela morte do político de 31 anos.

Na semana passada, a Administração Trump designou oficialmente o movimento Antifa como uma organização terrorista, responsabilizando a rede de extrema-esquerda pelo assassínio de Kirk.

Em simultâneo, o cerco às opiniões consideradas nefastas pelo Presidente dos EUA também está a apertar, sobretudo depois do cancelamento do programa televisivo apresentado pelo comediante Jimmy Kimmel pela ABC, na sequência de uma piada sobre a morte de Kirk. Já depois disso, Trump voltou a pressionar os canais televisivos que entende que difundem uma imagem negativa da sua governação.

O momento está também a ser encarado como uma ocasião para reforçar a unidade da direita norte-americana, congregada em torno de Trump. Apesar de hoje se encontrar sob controlo firme do Presidente, o Partido Republicano ainda apresenta divergências internas sobre algumas matérias.

“Para o movimento MAGA, ver uma vez mais um líder a ser baleado, e desta vez o assassino foi bem-sucedido na sua missão, penso que mostra que podemos ter os nossos desacordos, mas agora é o tempo em que precisamos estar unidos”, disse ao Washington Post o antigo director de comunicações da Conferência Nacional Republicana Keith Schipper.