Ver o guarda-redes adversário ser expulso aos 5 minutos de jogo, num encontro de elevado grau de exigência, pode ser uma via rápida para o sucesso. Este Manchester United, que tantas vezes parece duvidar de si próprio, bem precisava de um impulso destes para ombrear com um Chelsea que também tem sido errático q.b. nesta época. Neste sábado, em Old Trafford, os “red devils” aproveitaram somente parte da oferta — mas foi o suficiente para obterem a segunda vitória na Premier League (2-1).

O lance que empurrou os anfitriões para o triunfo teve como protagonistas o guarda-redes espanhol Robert Sánchez e o avançado camaronês Bryan Mbeumo. O primeiro derrubou o segundo, que seguia isolado para a área, viu o cartão vermelho e provocou uma revolução imediata no futebol do Chelsea.

A partir do banco, Enzo Maresca prescindiu dos dois extremos (Pedro Neto e Estêvão) para lançar Jorgensen na baliza, obviamente, e Adarabioyo no centro da defesa, formando uma linha de cinco. O plano fez ricochete, porém, porque aos 14’ BrunoFernandes inaugurou mesmo o marcador, assinando o 100.º golo pelo United — um desvio oportuno na pequena área após um cabeceamento, gerado por um cruzamento de Mazraoui do lado direito.

O infortúnio do Chelsea não ficaria por aqui. Como se já não bastasse a perda de duas referências ofensivas (por opção, leia-se), seguiu-se uma terceira. Cole Palmer, com queixas na virilha, abandonou o terreno aos 21’, dando lugar a Andrey Santos, médio que na época passada brilhou por empréstimo no Estrasburgo.

A vida estava difícil para os londrinos e mais complicada ficou aos 37’, quando Casemiro fez o 2-0, numa jogada com muitos pontos de contacto com a do golo inicial. Neste caso foi um canto curto, à procura do cruzamento de Mazraoui (primeira similitude) para um cabeceamento ao segundo poste (segunda), a que se juntou um alívio e um ressalto que proporcionou um cabeceamento na pequena área (terceira).

Poderia finalmente Ruben Amorim respirar de alívio? Nem por isso, porque aquilo que deu com a cabeça, Casemiro retirou com as mãos, ao agarrar Andrey numa transição do Chelsea — o gesto valeu-lhe o segundo cartão amarelo mesmo antes do intervalo.

Toda a segunda parte seria disputada em igualdade numérica e isso significa que, afinal, o United iria ter de passar por apuros novamente. Não muito sérios, especialmente em matéria de ocasiões de golo, mas ainda assim a obrigarem a uns últimos 10 minutos de maior aflição, fruto de um golo de Trevoh Chalobah que ainda lançou algumas dúvidas sobre o resultado final.

O 2-1 subsistiu, porém, e o Chelsea elevou para 12 anos e 13 jogos o ciclo de ausência de vitórias em Old Trafford, numa partida da qual ficaram de fora o lateral direito Diogo Dalot e o médio defensivo Dário Essugo, ambos lesionados.

“Começámos bem o jogo, com agressividade. O cartão vermelho ajudou-nos a dominar, marcámos dois golos e depóis tentámos complicar o nosso jogo novamente. Connosco, é sempre tudo complicado. Podíamos ter ferido de outra forma”, resumiu Ruben Amorim, comentando de seguida a expulsão de Casemiro. “Ele está a sentir-se pior do que eu. Ele percebe o que fez, é suficientemente experiente para saber que não poderia ter tido aquela abordagem”, acrescentou.

Este pequeno passo do United não lhe permitiu mais do que saltar para o top 10 da Premier League (9.º) e mesmo assim a título provisório — no domingo há, por exemplo, um entusiasmante Arsenal-Manchester City. Bem distante do líder Liverpool, que ontem se impôs no derby de Merseyside, diante do Everton (2-1), e cimentou a primeira posição, com cinco triunfos em cinco jogos.