A jornada deste sábado tinha tudo para ser claramente cinzenta para Portugal nos Mundiais de atletismo, em Tóquio, mas acabou por ter uma boa notícia. A estafeta 4×400 metros foi repescada para a final e deu maior nexo à marca de 2m59,70s, recorde nacional que não tinha chegado para um lugar na derradeira corrida.

Pedro Afonso, Ericsson Tavares, João Coelho e Omar Elkhatib foram os velocistas em prova por Portugal e puderam, com a desqualificação da Austrália, melhorar o sétimo lugar que lhes tinha valido um bilhete para casa.

Nunca um quarteto português tinha sido tão rápido a dar quatro voltas à pista e João Coelho, recordista nacional dos 400 metros, falou com emoção. “Isto é incrível. Falo por toda a gente: estou muito emocionado. Foi um sonho realizado por todos os que estamos aqui. Somos finalistas. Não tenho muitas palavras. Lutámos muito e tirámos dois segundos à anterior marca”, apontou o velocista do Sporting.

Este foi o segundo recorde nacional de Portugal a cair nestes Mundiais, depois da marca de Fatoumata Diallo nos 400 metros barreiras.

A final da estafeta masculina está agendada para este domingo (12h20 de Portugal continental).

Eliminações no peso e no disco

A restante comitiva portuguesa não teve uma jornada feliz. Na prova feminina de lançamento do peso, nenhuma das três portuguesas conseguiu lugar na final.

Auriol Dongmo lançou 17,53 metros na primeira tentativa, marca que só lhe valeu o 20.º lugar, depois de um nulo e um arremesso final a 17,37. A lançadora portuguesa ficou bem longe do seu recorde pessoal (e nacional), acima dos 20 metros, e assinalou a desilusão.

“Passei uma época um bocado difícil, mas esperava, pelo menos, chegar à final. Há coisas que não se conseguem explicar. O corpo parecia que não reagia, tentei tudo, mas não consegui. Saio um pouco desanimada”, lamentou, citada pela Lusa.

Eliana Bandeira terminou a prova em 17.º lugar, com 17,75 metros, enquanto Jessica Inchude ficou logo a seguir, em 18.º, com 17,69.

Também do lançamento do disco não vieram boas notícias. Em estreia em Mundiais nesta vertente, Portugal teve Emanuel Sousa a lançar longe do seu melhor e a terminar em 14.º lugar, com 56,97.

O português ficou fora da final com dois nulos e o tal terceiro arremesso a quase 57 metros, mas ainda assim longe dos 67,51 que tinha trazido como marca de acesso ao Mundial – recorde nacional conseguido este ano.

“A qualificação não correu muito bem. Sentia-me bem e sentia-me capaz de lutar pela qualificação. Infelizmente, não correu como eu queria. Eu acho que é um processo e temos de ganhar experiência e é nestas grandes competições que ganhamos essa experiência para explorar o melhor de nós”, referiu.