Vitória sem espinhas de um FC Porto que entrou em Vila do Conde com tiques de Arsenal
Ponto assente: Rodrigo Mora é o jogador mais talentoso do FC Porto. É com ele que a bola encontra mais felicidade. Só que, por vezes, isso não chega para olear totalmente uma equipa, e há outros jogadores capazes de fazer a diferença, mesmo que de outra forma.
Assim é Gabri Veiga, uma espécie de anticristo que nesta época aparece quase como que um vilão que chegou para sentar a coqueluche.
E se aqui e ali o espanhol foi passando discretamente, a sua influência esteve sempre lá, ganhando esta sexta-feira novo ponto alto. Gabri Veiga esteve presente nos três golos que o FC Porto marcou em Vila do Conde, ajudando a uma vitória simples num terreno sempre complicado, e onde os dragões tinham empatado na época passada.
Francesco Farioli armou-se em Mikel Arteta e preparou este FC Porto como uma máquina letal nos cantos. Ao primeiro poste e ao segundo poste, foi assim que surgiram, ainda dentro dos primeiros 15 minutos de jogo, o 0-1 e o 0-2.
Além da presença de Alan Varela a incomodar o guarda-redes do Rio Ave, como tantas vezes vemos jogadores do Arsenal fazerem – alguém se lembra do golo que derrotou Ruben Amorim no primeiro jogo da época? -, o outro fator em comum dos dois cantos foi o batedor. Gabri Veiga, claro, que ajudou a desbloquear novo jogo que podia ser difícil, tal como já tinha acontecido em Barcelos, com o Gil Vicente.
Nesse primeiro golo foi um improvável Pablo Rosario a aparecer a finalizar. Sem Alberto Costa e Martim Fernandes disponíveis, Farioli voltou a apostar no dominicano para a lateral direita. Fez bem, porque o jogador não só não comprometeu, como ainda inaugurou o marcador. Joga há apenas algumas semanas no Dragão, mas nota-se que já conhece as ideias do treinador, com quem conviveu no Nice.
No segundo, Samu apareceu para saltar mais alto e colocar logo um peso demasiado importante no resultado. Percebia-se que o FC Porto estava como sempre, a pressionar a todo-o-terreno, mas o Rio Ave ainda nem tinha tentado mostrar ao que vinha. Depois disso já não veio de todo, tirando um ou outro lance que não incomodaram de sobremaneira o aniversariante Diogo Costa.
Gabri Veiga uma, Gabri Veiga duas, Gabri Veiga três, já que o terceiro golo também teve a sua participação. Não a assistir, mas a marcar, depois de excelente passe de Pepê, num lance a abrir a segunda parte que colocou de parte todas as dúvidas.
Gabri Veiga é, nesta altura, um jogador mais completo do que Rodrigo Mora. É por isso que se percebe que seja titular, já que oferece uma maior consistência nas diferentes ações que o jogo pede, incluindo sem bola. A isso junta a mestria a bater bolas paradas, num jogador que o FC Porto a esse nível talvez não visse desde Alex Telles.
No fim do dia, sorte a de Farioli que pode ter esta dor de cabeça. Para já, os resultados vão-lhe dando razão. Segue-se uma complicada visita a Arouca e, isso sim, um jogo de alta tensão com o Benfica, que agora é de José Mourinho.