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Por Maria Clara Alcântara
A apresentação começou com a exibição de obras de Portinari e um poema feito por seu grande amigo Carlos Drummond de Andrade. O momento mostrou como o artista sofreu perseguição por seu viés político e como sua obra continua atual, especialmente pela defesa da paz e da justiça social.
João Cândido Portinari relembra legado de Portinari. Créditos: ICL
O filho do pintor, João Cândido Portinari, emocionou a plateia ao relembrar a relação de Drummond com seu pai, citando o poema escrito pelo poeta logo após a morte do artista. A partir daí, ele apresentou o Projeto Portinari, que há 46 anos preserva e difunde a obra e os valores de seu pai, com especial foco em crianças e jovens.
Entre os exemplos compartilhados, destacou-se a experiência no Pantanal do Mato Grosso do Sul, quando uma exposição itinerante em uma chalana levou a arte de Portinari até comunidades ribeirinhas e indígenas. João Cândido narrou a emoção de um jovem indígena ao se reconhecer em um retrato pintado por Portinari: “Era como se dissesse: alguém já me viu antes e me pintou assim”.
João Cândido Portinari durante o Despertar 2025. Créditos: ICL
Outro ponto marcante foi a lembrança dos painéis “Guerra e Paz”, presente do Brasil à sede da ONU, em Nova Iorque. Portinari não pôde inaugurá-los por perseguição política, tendo inclusive o visto norte-americano negado. Décadas depois, o reconhecimento veio com homenagens oficiais, como lembrou João Cândido ao citar a devolução dos murais à ONU após circularem pelo Brasil e Europa.
O momento mais emocionante, segundo ele, foi ver o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionar Guerra e Paz em discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU, fato que possibilitou a vinda dos painéis ao Brasil. “Vocês imaginem a minha emoção. Eu não esperava que ele fosse falar naquele momento”, disse.
Eduardo Moreira e João Cândido Portinari durante o Despertar 2025. Créditos: ICL
O encerramento da apresentação reforçou o elo entre passado e presente: Eduardo Moreira destacou que o ICL sempre buscou honrar quem veio antes. “Não é por acaso que desde o começo tivemos aqui figuras como Leonardo Boff, Frei Betto, Elliot Aronson, Chomsky. Nós aprendemos com os mestres, com os que abriram caminho”, afirmou