Um forte sismo de 8.8 graus de magnitude, com epicentro ao largo da península russa de Kamchatka, na costa do Pacífico, gerou um tsunami com ondas de 3 a 4 metros que atingiu nesta quarta-feira parte daquele território, segundo afirmou o ministro regional para as situações de emergência, Sergei Lebedev, citado pela Reuters, bem como a ilha Sacalina e o arquipélago das Curilas, este último um território russo reivindicado pelo Japão. “Infelizmente, houve algumas pessoas feridas durante este evento sísmico”, declarou Oleg Melnikov, responsável regional de saúde, citado pela agência noticiosa russa TASS.

O alerta de tsunami alargou-se ao longo das últimas horas a vastas regiões costeiras do extremo oriente russo e do Japão, onde as primeiras ondas, entre 20 e os 50 centímetros, começaram a chegar por volta das 02h45 de Portugal continental. As autoridades japonesas advertem que ondas de maior dimensão podem seguir-se e, através da televisão, rádio e sistemas de alerta em massa, ordenaram a evacuação imediata de vastas áreas costeiras, abrangendo mais de 900 mil pessoas em 133 municípios. A central nuclear de Fukushima, atingida pelo tsunami de 2011, foi igualmente evacuada por prevenção. Por agora, não há registo de vítimas no arquipélago nipónico.




Imagens da estação de televisão japonesa NHK com um alerta de tsunami para a costa oriental nipónica
NHK News

Estão também sob alerta de tsunami os estados norte-americanos do Havai e Alasca, bem como os territórios autónomos norte-americanos de Guam e das Ilhas Marianas do Norte. Em Honolulu, a maior cidade do Havai, soam sirenes de emergência e pede-se à população que se desloque para os andares superiores dos edifícios. “Aja de imediato! São esperadas ondas destrutivas”, alertou o departamento de protecção civil daquela metrópole havaiana.

Estão ainda sob aviso de tsunami, com menor urgência, os estados norte-americanos da Califórnia, Washington e Oregon. “Mantenham-se fortes e a salvo!”, escreveu, nas redes sociais, o Presidente norte-americano Donald Trump.


Outros países e territórios banhados pelo Pacífico, como as Filipinas, a Indonésia, a Austrália ou a Nova Zelândia, ou o Equador e o Chile na América do Sul, estão também em prontidão, mas não sujeitos por agora a um alerta de tsunami ou a ordens de evacuação.

Um dos maiores sismos dos últimos cem anos

O abalo desta madrugada foi registado às 00h24 de Portugal continental (11h24 da manhã de quarta-feira no Kamchatka), com epicentro localizado sob o mar, a 136 quilómetros a sudeste de Petropavlovsk-Kamchatsky, a maior cidade daquele território remoto russo situado no célebre Anel de Fogo do Pacífico, uma área de elevada actividade sísmica e vulcânica.

“O sismo de hoje foi grave e o mais forte em décadas de abalos”, declarou o governador de Kamchatka, Vladimir Solodov, através da plataforma de mensagens Telegram. O responsável indicou o registo de danos materiais, nomeadamente num jardim-de-infância em Petropavlovsk-Kamchatsky. O Serviço Geofísico da Rússia confirma que se trata do sismo mais forte registado desde 1952 naquela região, e que são possíveis réplicas de magnitude superior a 7.5 graus ao longo das próximas horas e dias.

A confirmar-se a magnitude estimada de 8.8 graus, após sucessivas revisões em alta ao longo da madrugada pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o sismo desta madrugada será o terceiro ou quarto mais forte registado em todo o mundo no século XXI, a seguir ao abalo de 26 de Dezembro de 2004 ao largo da Indonésia (9.2) e do violento sismo de 11 de Março de 2011 na costa do Japão (9.0), e a par do terramoto de 2010 no Chile (8.8), três eventos que geraram tsunamis catastróficos. Estará igualmente entre os dez sismos de maior magnitude registados desde o século XX.