Uma coruja apareceu em minha porta recentemente carregando uma carta mágica para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Durante as férias, fui para o Acampamento Meio-Sangue e tive várias aventuras com Percy Jackson. Também vivi um dos romances clichês da autora Jenny Han e, é claro, fui conhecer o Reino de Elfhame, onde por pouco não fui encantada por um ser feérico.

São essas e inúmeras experiências que sentimos ao ler. Não importa o gênero: ao abrir um novo livro, você está destinado a entrar no mundo da imaginação.

Um dos primeiros livros que li foi O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Devo dizer que não foi uma leitura que me satisfez. Mas, ao conhecer os livros de poesia de Amanda Lovelace, que retratam o poder feminino e muitas situações frustrantes do dia a dia, me vi perdida no mundo das palavras.

Acreditava que havia um manual sobre por onde começar, obviamente com os clássicos, que sempre achei entediantes, mas no mundo dos livros, a liberdade é exercida diariamente: você deve escolher o que quer ler sem se importar com pensamentos alheios.

No meu caso, ao ler fantasia, romance e poesia, percebi que a porta pela qual eu passei para entrar no mundo dos livros, agora estava pequena demais. Apenas a bebida mágica do Coelho Branco de Alice no País das Maravilhas me ajudaria nesse momento.

Muitos adolescentes acabam não tendo o costume de ler, seja por causa do vício em aparelhos eletrônicos, seja pela falta de oportunidade de aprender a ler. Depois da pandemia, o uso da tecnologia ficou cada vez mais presente na nossa rotina.

Como estudante que sofreu com essa mudança na educação, me atrevo a dizer que ela não beneficiou os alunos.

Hoje em dia, mal temos contato com livros didáticos. O governo disponibiliza um site para leitura, mas não toma a iniciativa de incentivar os estudantes. A proibição dos celulares realmente foi positiva para o ensino, mas é contraditório perceber que realizamos atividades, provas e trabalhos totalmente virtuais, sem sequer pegar uma caneta para escrever.

 

 

Além disso, a taxa de analfabetismo no Brasil ainda é de 5,3% da população (cerca de 9,1 milhões de pessoas). É um descaso enorme pensar que existem tantos brasileiros que não sabem ler ou escrever — algo aparentemente simples para quem já é alfabetizado.

A leitura pode ser diversão, mas é também um presente. Um presente que nos ensina, que nos faz viajar por diferentes histórias e, principalmente, que nos torna fortes. Afinal, uma pessoa sem palavras não tem nada.

Quanto mais a leitura for incentivada, mais pessoas estarão dispostas a mudar o mundo com suas opiniões. A leitura me amarrou sem precisar de feitiço. Foi ela que me deu a oportunidade de escrever e, por isso, estou aqui.

Leia um romance de adolescentes, uma fantasia com seres mágicos, um terror sobre espíritos, um suspense de assassinatos, poesias que transformam a alma ou até mesmo uma revista encontrada em bancas de jornal.

Apenas leia. Desfrute desse poder que nos torna fortes.

 

 

Maria Eduarda da Silva Lima, 15 anos, é de Campinas. Estudante do 9.º ano, é apaixonada por literatura e encontrou na escrita uma forma de transformar sentimentos em poesia. Participa da Academia Educar como monitora e sonha em cursar jornalismo no exterior — embora a pedagogia também esteja no seu radar.