Investigadores do Vanderbilt University Medical Center e do University of Pittsburgh Medical Center alertam para os nitazenos, uma classe de opioides sintéticos ultrapotentes, que estão a tornar-se um fator letal na crise de overdoses nos Estados Unidos.

Mais de 20 vezes mais potentes que o fentanil, estas substâncias muitas vezes passam despercebidas em testes de drogas de rotina, complicando o diagnóstico e o tratamento das overdoses. Entre 2019 e 2023, 92 mortes no Tennessee envolveram nitazenos, frequentemente misturados com fentanil e metanfetamina.

Criados na década de 1950 como possíveis analgésicos, os nitazenos nunca foram aprovados para uso clínico e estão agora disponíveis ilegalmente em forma líquida, em pó ou em comprimidos falsificados vendidos nas redes sociais. Médicos alertam que os consumidores muitas vezes não sabem que ingerem estas substâncias, o que aumenta o risco de fatalidades e exige doses repetidas de naloxona para reversão.

Os especialistas destacam a necessidade urgente de expansão de ferramentas de redução de danos, como tiras de teste capazes de detetar nitazenos, acesso a naloxona, tratamento para dependência química e educação pública sobre o risco de comprimidos falsificados. O reconhecimento precoce destas drogas é crucial para prevenir mais mortes e proteger a saúde pública.

Segundo os autores do estudo, enfrentar esta ameaça exige colaboração entre médicos, autoridades de saúde, polícia e comunidades, com o objetivo de monitorizar a disseminação dos nitazenos, aumentar a consciência pública e melhorar a resposta clínica às overdoses.