Nvidia investiu na Intel para reforçar a fileira americana de chips num momento em que EUA e China aceleram o passo na corrida à revolução IA.
As companhias de chips são as novas vítimas colaterais da guerra Trump-China. A Intel está num sufoco financeiro há anos, apesar da febre da Inteligência Artificial (IA) e o disparo na procura por chips, e o investimento da Nvidia serve como um balão de oxigénio.
A Nvidia anunciou a semana passada um investimento da 5 mil milhões de dólares na Intel ao fim de quase um ano de discussões.
A Intel também fabrica chips, ao contrário da Nvidia que os desenha e depois entrega a produção a terceiros em Taiwan. É o terceiro maior produtor mundial por receitas.
A companhia nomeou um novo presidente-executivo este ano Lip-Bu Tan, mas foi atacado por Donald Trump por receios de ligações à China. O gestor de etnia chinesa nasceu na Malásia, mas vive nos EUA há quase 50 anos, contando com cidadania americana.
A fúria da Casa Branca só acalmou com a compra de 10% da companhia pelo Governo federal, uma operação bizarra para os EUA.
As duas empresas vão desenvolver chips para computadores e para centros de dados. No entanto, a Intel não vai passar a fabricar chips para Nvidia.
Para sobreviver, o futuro poderá ter de passar por um grande cliente, como a Nvidia, Apple, Qualcomm ou a Broadcom, destaca a “Reuters”.
O negócio pode representar um risco para a TMSC de Taiwan que produz os chips de topo da Nvidia, que é atualmente a companhia mais valiosa do mundo.
Mas o negócio acontece num momento em que a tensão EUA-China está a colocar muitos desafios no mercado.
A Nvidia está a debater-se com as vendas na China, à medida que o país procura desenvolver a sua própria fileira de produção de chips, a Huawei lançou um novo chip recentemente, até por uma questão de orgulho nacional e para não os comprar a Taiwan, cuja independência causa urticária a Pequim há décadas.
O CEO Jensen Huang disse estar “desiludido” depois de Pequim ter dado ordens às suas companhias tecnológicas – Como a DeepSeek, Tencent ou Alibaba – para deixarem de comprar os chips da empresa americana. O regulador de mercado chinês disse que a Nvidia tinha violado leis chinesas anti-concorrenciais.
“Os EUA precisam de asssegurar que as pessoas de todo o mundo, incluindo a China, conseguem aceder a esta tecnologia. O presidente Trump é muito claro: quer que a América ganhe. E o presidente Xi quer que a China ganhe. É possível aos dois vencerem”, disse Huang.
A Casa Branca anunciou a proibição de venda de chips à China em julho, mas recuou depois da Nvidia ter acordado pagar 15% aos EUA das suas receitas com as vendas à China, num “acordo sem precedentes”, segundo a “BBC”.
A grande ambição da China é superar os esforços dos EUA na corrida à inteligência artificial e produzir os próprios chips faz parte da estratégia de Pequim. A Nvidia tem sido central na revolução IA com os seus potentes chips a equiparem centros de dados em todo o mundo.