Há cada vez mais celebridades a afastarem-se dos Estados Unidos, seja fisica ou ideologicamente, incluindo Angelina Jolie que criticou abertamente a situação política no país no Festival de Cinema de San Sebastián. “Adoro o meu país, mas, neste momento, não o reconheço”, lamentou a actriz, que respondia aos jornalistas na conferência de imprensa da estreia de Couture.
Ainda que se veja como cidadã internacional — “sempre vivi internacionalmente, a minha família é internacional, os meus amigos, a minha vida…” — Jolie não esconde o desgosto por ver o estado do país, apesar de não apontar o dedo directamente ao Presidente Donald Trump. “A minha visão do mundo é igualitária, unida e internacional. Qualquer coisa que divida ou limite as expressões pessoais e as liberdades de qualquer pessoa é, na minha opinião, muito perigosa”, declarou.
Aliás, “são tempos perigosos” em que até é “preciso ter cuidado” com o que se diz nas redes sociais ou à imprensa. “Temos de ter cuidado para não dizer coisas de forma casual, por isso terei cuidado durante esta conferência de imprensa, mas para dizer que, claro, tal como todos vós e todos os que estão a assistir, estes são tempos muito, muito pesados que estamos a viver juntos”, sublinhou Angelina Jolie, lembrando que os seus filhos, do casamento com Brad Pitt, nasceram na Namíbia, no Vietname, na Etiópia e no Camboja. Jolie, por sua vez, é filha de Hollywood, uma verdadeira nepo baby, fruto da relação entre os actores Jon Voight e Marcheline Bertrand.
Solidariedade com Kimmel
Jolie não mencionou a suspensão do talk show de Jimmy Kimmel, ainda que o seu discurso vá ao encontro das reacções de outras celebridades como Ben Stiller, que recorreu ao X onde escreveu: “Isto não está certo.” Jean Smart partilhou uma fotografia com Jimmy Kimmel onde se dizia “horrorizada” com as notícias de que o programa tinha sido cancelado. “O que o Jimmy disse chama-se discurso livre, não foi discurso de ódio. As pessoas parecem só querer proteger a liberdade de expressão quando esta se adequa aos seus objectivos. O que está a acontecer ao nosso país?”, lamentou a actriz de Hacks.
A situação política nos EUA já levou celebridades a emigrarem definitivamente. Ainda antes da tomada de posse de Trump, Elle DeGeneres e a mulher, Portia de Rossi, mudaram-se para o Reino Unido, enquanto Rosie O’Donnell escolheu a Irlanda. Por sua vez, ainda antes das eleições, Eva Longoria anunciou que tinha deixado o país e agora dividia os dias entre o México e Espanha, onde estão as suas origens.
O próprio Jimmy Kimmel pediu cidadania italiana no início deste ano para preparar uma possível saída dos EUA. “Eu consegui a cidadania italiana. O que se está a passar é tão mau como se pensava que ia ser. É muito pior — é simplesmente inacreditável”, anunciou o comediante em Agosto.