Jimmy Kimmel, comediante e apresentador do talk show Jimmy Kimmel Live! na estação televisiva norte-americana ABC, vai regressar à antena já nesta terça-feira, anunciou a Disney, proprietária do canal.

Kimmel tinha sido afastado há seis dias após a Comissão Federal de Comunicações (FCC), regulador norte-americano para as telecomunicações, ter ameaçado suspender a licença a várias operadoras que retransmitiam a emissão da ABC. Em causa, um monólogo que o regulador, a Administração Trump e dirigentes do Partido Republicano consideraram ser desrespeitosa para Charlie Kirk, o influente activista ultraconservador assassinado a 10 de Setembro. O processo suscitou acusações de censura, agravadas por ameaças do Presidente Donald Trump a outros apresentadores e canais de televisão.

Esta segunda-feira, a Disney justificou a anterior decisão de suspensão com a necessidade de “evitar inflamar ainda mais uma situação tensa durante um momento emotivo para o nosso país”. A empresa afirma ainda que Kimmel reconhece que alguns dos seus comentários tiveram “mau timing e foram por isso insensíveis”.


No excerto em causa do monólogo de abertura, no episódio da passada segunda-feira, o humorista associou Tyler Robinson, o presumível autor do assassinato de Charlie Kirk, ao próprio movimento MAGA.

“Tivemos alguns novos pontos baixos durante o fim-de-semana com a trupe MAGA a tentar desesperadamente caracterizar este miúdo que assassinou o Charlie Kirk como qualquer outra coisa que não um deles, e a tentar retirar todo o aproveitamento político disso”, comentou Kimmel, numa altura em que ainda se encontram sob investigação os motivos que terão levado Tyler Robinson, um norte-americano de 22 anos residente no Utah, a matar o influente activista ultraconservador. Kimmel acrescentou ainda que a alegação recente feita pelo vice-presidente J.D. Vance, de que era um “facto estatístico” que “a maioria” dos extremistas está hoje “na extrema-esquerda”, é “uma treta”.

“Aqui vai uma pergunta que J.D. Vance talvez possa responder: quem é que queria enforcar o tipo que foi vice-presidente antes dele? Foram os esquerdistas ou o bando de desdentados que atacou o Capitólio a 6 de Janeiro?”, questionou ainda.

O regresso de Kimmel à antena, de acordo com duas fontes próximas do assunto, foi negociado com o apresentador durante o fim-de-semana pelo director-executivo da Disney, Bob Iger, e pela co-presidente da Disney Entertainment (o o ramo da empresa responsável pela área de entretenimento). As mesmas fontes, ouvidas pela Reuters, dizem que a decisão foi orientada por aquilo que será melhor para a empresa, e não pelas pressões externas dos proprietários da ABC ou da FCC.