“Vamos criar um grupo de doadores para a Palestina. Qualquer futuro Estado palestiniano tem de ser viável, também do ponto de vista económico. E isso pode ser conseguido também com o apoio dos vizinhos dos palestinianos”, defendeu Ursula von der Leyen, numa intervenção na conferência internacional sobre a solução dos dois Estados, promovida pela França e Arábia Saudita, na véspera do arranque do Debate Geral da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
“Nós, europeus, criaremos um instrumento específico para a reconstrução de Gaza, em coordenação com os esforços de outros doadores”, anunciou.
Von der Leyen alertou que “acabar com a guerra” em Gaza “pode não ser suficiente se não houver um caminho para a paz, se a perspetiva de dois Estados já não for viável”.
Para os 27 países da UE, “o único plano de paz realista assenta em dois Estados, com um Israel seguro, um Estado palestiniano viável e o flagelo do Hamas eliminado”. Neste momento, “a solução de dois Estados está a ser posta em causa, e isso não pode acontecer”, avisou.
António Costa: “O momento da paz é agora”
O presidente do Conselho Europeu disse hoje na ONU que “o momento da paz é agora” e que “não há lugar para o Hamas, terrorismo, colonatos ilegais e assassínio de civis inocentes” em Israel ou na Palestina.
“Só há um caminho a seguir: a solução de dois Estados. Um Estado israelita seguro e reconhecido. Um Estado palestiniano independente, democrático e viável, os dois coexistindo lado a lado, em paz”, afirmou António Costa, durante a conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados promovida por França e Arábia Saudita nas Nações Unidas.
“O momento da paz é agora. E temos de estar à altura das circunstâncias”, apelou. Mas, sublinhou, é preciso ser claro sobre “o que vem a seguir”. “Não há lugar para o Hamas. Não há lugar para o terrorismo. Não há lugar para colonatos ilegais. Não há lugar para o assassinato de civis inocentes. Em lado nenhum: nem em Gaza, nem na Cisjordânia, nem em Jerusalém Oriental, nem em Israel”, afirmou o ex-primeiro-ministro português.
Andorra, Bélgica, Luxemburgo e Malta reconhecem Palestina
À semelhança de Portugal e França, também Andorra, Bélgica, Luxemburgo e Malta anunciaram, esta segunda-feira, o reconhecimento do Estado Palestiniano durante a conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, afirmou que as recentes declarações das autoridades israelitas, de que um Estado palestiniano jamais existirá, é uma razão adicional para reafirmar o direito e a necessidade dos palestinianos terem o seu próprio Estado.
“Nesse sentido, a Bélgica está hoje a dar um forte sinal político e diplomático ao mundo ao juntar-se ao grupo de países que anunciam o reconhecimento do Estado Palestiniano à margem da Assembleia-Geral da ONU”, anunciou o governante. Mas este passo não pode ser uma recompensa para o grupo islamita palestiniano Hamas, alertou.
“Consciente do trauma sofrido após o ataque terrorista do Hamas em 07 de outubro de 2023, a Bélgica procederá ao reconhecimento legal do Estado da Palestina assim que todos os reféns forem libertados e todas as organizações terroristas, como o Hamas, forem removidas da governança da Palestina”, disse.
Por sua vez, a ministra de Andorra, Imma Tor Faus, frisou que a situação em Gaza é “insuportável” e que a fome está a ser usada como arma de guerra. A governante andorrenha defendeu que a única saída credível para este conflito é a solução dos dois Estados, reforçando que a esmagadora maioria da Assembleia-Geral da ONU acredita nessa solução, em que o povo palestiniano possa viver em paz, lado a lado com o Estado de Israel.
“Com isso em mente, o Governo de Andorra aprova o reconhecimento do Estado da Palestina”, anunciou Imma Tor Faus, indicando que o seu país continuará a defender a libertação de todos os reféns, o desarmamento do Hamas e um Estado palestiniano desmilitarizado. Quando as condições estiverem em prática, este reconhecimento terá efeito, sublinhou.
Momentos antes, na mesma conferência, França reconheceu igualmente o Estado da Palestina, uma decisão para promover a paz entre israelitas e palestinianos, anunciou o presidente francês, Emmanuel Macron, perante as Nações Unidas.
Na véspera do encontro na ONU, Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram formalmente o Estado da Palestina. Entre os países que não reconhecem o Estado da Palestina encontram-se os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão ou os Países Baixos que defendem que tal passo político e diplomático deve ser feito em acordo com Israel.