O Toyota Aygo X HEV será o carro menos poluente do mercado europeu. Mas em Portugal está condenado devido a um bizarro sistema fiscal.

Toyota Aygo X HEV
Primeiras impressões

7/10

Data de comercialização: Janeiro 2026

O novo Toyota Aygo X HEV tinha tudo para dar certo. Até chegar a Portugal…

Prós

  • Melhoria das prestações
  • Redução das médias de consumo
  • Condução mais silenciosa
  • Suavidade da motorização

Contras

  • Preço muito agravado
  • Espaço disponível na 2.ª fila
  • Caixa pouco cooperante

Antes de partilhar convosco este primeiro contacto com o novo Toyota Aygo X HEV, permitam-me uma pequena nota sobre a fiscalidade automóvel em Portugal. Como veremos adiante, vai ser o inimigo nº1 deste Toyota que é primeiro carro do segmento com tecnologia híbrida.

Durante décadas, o mercado automóvel nacional penou com uma fiscalidade que tornava os carros muito mais caros, sobretudo em cilindradas acima de 1.4 litros. Face ao resto da Europa, as diferenças eram abissais. Ainda mais, considerando os salários médio dos portugueses.

Com a introdução da componente ambiental no cálculo do ISV, a cilindrada perdeu algum peso, mas continua a ser muito penalizadora. Um exemplo claro é o da nova geração do Toyota Aygo X, que troca o antigo motor 1.0 de três cilindros por um motor maior, com 1.5 litros de capacidade, também de três cilindros, mas agora com tecnologia híbrida.

Agora querem ver a parte mais interessante? Com esta mudança, baixou as emissões de CO2 de 107 para 85 g/km. Seria suposto o nosso sistema fiscal premiar esta redução, certo? Errado. O seu preço é agravado em cerca de 1900 € em sede de ISV.

Toyota Aygo X 2025 - 3/4 de traseira© Toyota O novo Toyota Aygo X HEV o carro a gasolina híbrido com menos emissões de carbono da Europa.

Como veremos adiante, este aumento substancial de preço poderá ser um enorme entrave à carreira comercial deste modelo em Portugal. Num segmento tão sensível ao preço, como é que se dilui quase 2000 euros de agravamento fiscal? Adiante…x

Feita esta (importante) nota preambular, olhemos então para a nova geração do Aygo X. A principal novidade está mesmo no abandono do motor de um litro, substituído pelo sistema híbrido do Yaris.

Como referimos, este combina o bloco 1.5 de três cilindros com dois motores elétricos: um está destinado a ligar o motor a gasolina e o outro a movimentar as rodas, na maioria das situações, em conjugação com o motor térmico.

Vantagens inegáveis do motor híbrido

Com a nova configuração, o Aygo X ganha 44 cv, o que se traduz numa condução mais tranquila, ágil e dinâmica. A aceleração de 0 a 100 km/h faz-se agora em 9,8s, menos cinco do que antes e a velocidade máxima sobe de 150 para 172 km/h. Os consumos também melhoram, descendo para 3,7 l/100 km, menos um litro face à geração atual.

Dito isto, há mais motor do que nunca. Chega a ser divertido exigir um pouco mais deste motor híbrido herdado do seu irmão maior, o Yaris.

Uma mudança de motorização que implicou alterações também na carroçaria. O vão dianteiro cresceu 7,6 cm para acomodar o motor 1.5 e a bateria de 12 V passou do compartimento dianteiro para debaixo do piso da bagageira. Apesar disso, a capacidade mantém-se nos 231 litros.

Com apenas 12 kg e 0,76 kWh de capacidade, a pequena bateria do sistema híbrido foi instalada sob os assentos traseiros, com módulos dispostos lado a lado, uma solução mais adequada a um carro de distância entre eixos reduzida.

Estas medidas ajudaram a preservar a distribuição de peso em 64:36, essencial para manter o equilíbrio dinâmico do Aygo X. E há até uma vantagem: embora pese mais 140 kg do que antes, o centro de gravidade baixou 4 cm, tornando a condução mais divertida.

Estética renovada

Aproveitando as alterações introduzidas na secção dianteira, por motivos técnicos, a Toyota aproveitou para melhorar o visual do Aygo X. Está presente um novo capô, novos grupos óticos e novos para-choques.

Toyota Aygo X 2025 - 3/4 de frente© Toyota Em termos estéticos, as principais novidade estão na secção dianteira. Há um novo capô, novos grupos óticos e um novo para-choques.

Destaque ainda para a adição de uma nova versão GR Sport, com carroçaria de dois tons e capô negro, bem como acabamentos específicos exteriores e interiores. Além disso, nesta opção, há ainda afinações específicas no chassis, com molas e amortecedores um pouco mais firmes e uma direção de resposta mais direta.

Poucas novidades a bordo

Por dentro, as novidades são menos relevantes. Ainda assim, o painel de instrumentos é agora digital em todas as versões, com um ecrã de 7”, e está presente o mesmo módulo de climatização do Toyota Yaris. O travão de estacionamento é elétrico, estão presentes tomadas USB-C, uma plataforma para carregamento sem fios do telefone e a possibilidade de usar uma chave digital para aceder ao Aygo X.

A Toyota apenas começa as vendas da nova geração do Aygo X na transição de 2025 para 2026, mas já nos proporcionou uma oportunidade para uma primeira experiência dinâmica, que teve lugar nos arredores de Berlim, na Alemanha.

O tabliê, integralmente produzido em plástico rígido, é dominado pelo ecrã central de 10,5” nas versões mais equipadas (9” nas restantes) e já inclui a possibilidade de ligação, sem fios, de dispositivos móveis, por Android Auto ou Apple CarPlay.

A oferta de espaço não se altera, com dois adultos a caberem bem à frente e os dois lugares traseiros a serem indicados para passageiros até um máximo de 1,70 metros de altura. Mais altos do que isso, irão roçar com o topo da cabeça no teto e com os joelhos nas costas dos bancos dianteiros. Algo perfeitamente normal num carro do segmento dos citadinos.

Ao volante de versões de pré-produção

Mesmo não sendo uma motorização nova, naturalmente era grande o interesse em perceber como resultou a aplicação num carro mais pequeno e leve (pouco mais de 1000 quilos), como é o Aygo face ao Yaris e Yaris Cross, que também a usam.

O primeiro ponto positivo surge no nível e na qualidade do ruído a bordo. O motor continua a ser de três cilindros, mas, com a maior cilindrada e mais potência, além do apoio do motor elétrico, trabalha sob menos esforço, o que se reflete numa sonoridade menos áspera e rude do que a do antecessor.

A Toyota acrescentou ainda melhorias na insonorização do tabliê, capô, zona envolvente do motor e sistema de escape. O ruído exterior baixou consideravelmente e o “cantar” do motor refinou-se, mesmo que o aumento da espessura dos vidros laterais — anunciado pela marca — não seja percetível a olho nu.

A melhoria das prestações permitiu que o Toyota Aygo X tivesse deixado de ser um dos carros mais lentos na estrada, para se passar a mover com alguma genica, graças à ajuda da propulsão elétrica, mais notada em acelerações iniciais e intermédias.

Toyota Aygo X 2025 - ao volante© Toyota A unidade que testei era de pré-produção, mas a solidez geral já estava ao nível do que se espera de um automóvel saído de um concessionário.

Deixaram de existir as patilhas no volante para passagens de caixa, mas a verdade é que, na anterior geração, o Aygo X ignorava frequentemente os “toques” do condutor para passar “uma acima” ou “uma abaixo”, prevalecendo o funcionamento ditado pela posição do pedal do acelerador.

Esta caixa automática epicicloidal permite obter múltiplas relações de transmissão com um único conjunto de engrenagens, mas não prima por ser rápida nem por aproveitar o rendimento do motor a gasolina da melhor forma. Não será esse o objetivo principal, dirão os engenheiros da marca, obcecados pela eficiência.

Mais ou menos “genica”

A direção tem um peso adequado e uma desmultiplicação de acordo com um carro citadino, com 2,7 voltas entre batentes. A travagem mostrou consistência e uma resposta imediata logo desde a fase inicial do curso.

Os modos de condução não apresentam grandes diferenças entre si e as que existem apenas dizem respeito ao motor (a resposta da direção não varia), com o Eco a ser um pouco (só um pouco) mais lento a subir de regimes do que o Power. A posição B do seletor da caixa permite aumentar a capacidade do sistema para recarregar a pequena bateria, não existindo diferença na desaceleração regenerativa.

Em “roda livre” (ou em movimento por inércia), sem carga no acelerador, o motor a gasolina desliga-se abaixo dos 130 km/h. O mesmo acontece em ambiente urbano, com uma carga de acelerador reduzida. A propulsão elétrica está limitada a 65 km/h e mesmo conduzindo “de pantufas” é desafiante não acordar o motor de gasolina. Ainda assim, o objetivo de um sistema híbrido não é o de cumprir grandes distâncias em modo 100% elétrico.

Neste teste de 137 quilómetros, o consumo médio final cifrou-se nos 4,1 litros/100 km, muito perto dos 3,7 homologados. Igualmente interessante foi o facto de o motor a gasolina ter ficado desligado mais de metade do tempo, 60% mais concretamente. Uma inatividade que se torna ainda maior se conduzirmos mais tempo em cidade e com trânsito denso. Nesse cenário, tantas vezes inimigo dos consumos, neste Aygo X HEV seriam ainda mais baixos.

Uma fiscalidade bizarra

A fiscalidade portuguesa será mesmo a maior pedra no sapato do Toyota Aygo X HEV, fazendo com que o seu preço aumente consideravelmente devido à presença de um motor de maiores dimensões.

Toyota Aygo X 2025 - vista lateral© Toyota De perfil, as unicas diferenças notam-se na dianteira e nas novas jantes.

Além disso, com o aumento de equipamento e o custo adicional de componentes mais evoluídos, como a bateria do sistema híbrido e um motor mais competente, por exemplo, é previsível que o preço do Toyota Aygo X HEV em Portugal seja agravado em praticamente 4000 €.

Ou seja, é expectável que o preço do pequeno citadino nipónico aumente dos 18 000 € da geração atual para perto dos 22 000 € do novo modelo, tornando a sua “vida” mais complicada no mercado nacional.


Veredito

Toyota Aygo X HEV
Primeiras impressões

7/10

O novo Toyota Aygo X híbrido destaca-se pelos consumos e pelo desempenho do sistema HEV, até agora reservado a modelos maiores. Em Portugal, no entanto, o preço não será muito convidativo. O valor final já se alinha com alguns modelos do segmento B, travando o seu potencial de sucesso comercial. Tinha tudo para dar certo.

Data de comercialização: Janeiro 2026

Prós

  • Melhoria das prestações
  • Redução das médias de consumo
  • Condução mais silenciosa
  • Suavidade da motorização

Contras

  • Preço muito agravado
  • Espaço disponível na 2.ª fila
  • Caixa pouco cooperante


Especificações técnicas

Toyota Aygo X HEV Motor (combustão) Arquitetura 3 cilindros em linha Posicionamento Dianteiro, transversal Capacidade 1490 cm3 Distribuição 2 a.c.c. / 4 válv. por cilindro (12 válv.) Alimentação Injeção direta e indireta Potência 91 cv às 5500 rpm Binário 120 Nm entre as 3800-4500 rpm Motor (elétrico) Potência 59 kW (80 cv) Binário 141 Nm Capacidade da bateria 0,76 kWh Rendimento total sistema 85 kW (116 cv) Transmissão Tração Dianteira Caixa de velocidades Automática, epicicloidal Chassis Suspensão FR: Independente, MacPherson
TR: Eixo de torção Travões FR: Discos ventilados
TR: Discos Direção Assistência eletricamente Dimensões e Capacidades Comp. x Larg. x Alt. 3776 mm x 1740 mm x 1525 mm Distância entre eixos 2432 mm Capacidade da mala 231 l Capacidade do depósito 30 l Pneus 175/60 R18 Peso 1100 kg Prestações e consumos Velocidade máxima 172 km/h 0-100 km/h 9,8s Consumo misto 3,7 l/100 km Emissões de CO2 85 g/km