O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao homólogo norte-americano, Donald Trump, pela inflexão inesperada na posição sobre a eventual cedência de territórios à Rússia no âmbito do conflito entre os dois países.

“Acho que ele [Trump] entende agora que não podemos simplesmente trocar territórios. Não é justo. Não é a realidade”, disse Zelensky, na terça-feira, durante uma entrevista à estação norte-americana de televisão Fox News.

O líder ucraniano reforçou com um “que Deus o abençoe” o agradecimento a Trump pela inflexão radical que o Presidente norte-americano protagonizou durante uma reunião à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), ao exortar a Ucrânia a lutar até recuperar os territórios ocupados pela Rússia, numa aparente ruptura com a linha de negociações de paz que tinha promovido durante Agosto.


[A Ucrânia] tem um grande espírito, cada vez mais forte. A Ucrânia deve ser capaz de recuperar o seu país na forma original e, quem sabe, talvez ir ainda mais longe. Putin e a Rússia estão com graves problemas económicos, e este é o momento para a Ucrânia agir”, escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.

“De qualquer das formas, desejo o melhor a ambos os países. Vamos continuar a fornecer armas à NATO para a NATO fazer o que quiser com elas”, acrescentou.

Antes do encontro, também já tinha respondido afirmativamente sobre a possibilidade de a Aliança Atlântica abater aeronaves russas que violem o espaço aéreo dos seus Estados-membros europeus.

Volodymyr Zelensky admitiu que a relação com Donald Trump melhorou, que mantêm contactos telefónicos constantes e acrescentou que a mudança de postura do Presidente dos EUA se deve possivelmente ao facto de Vladimir Putin, chefe de Estado russo, “lhe ter mentido repetidamente”.

Segundo a agência noticiosa russa Interfax, Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano, e Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, vão reunir-se esta quarta-feira em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU.

Uma das solicitações concretas que Zelensky fez a Trump foi de instar a Índia e a China a reafirmarem a posição de apoio à Ucrânia.

“Acredito que o Presidente Trump pode mudar a atitude de Xi Jinping [Presidente chinês] em relação a esta guerra, porque não sentimos que a China queira acabar com ela”, defendeu Zelensky. “Se a China quisesse verdadeiramente que esta guerra acabasse, poderia obrigar Moscovo a pôr fim à invasão. Sem a China, a Rússia de Putin não é nada”, já tinha dito ao Conselho de Segurança da ONU.

Durante a entrevista à Fox, Zelensky foi questionado sobre o estado das tropas do Exército ucraniano após 43 meses de guerra e respondeu que estão numa “posição muito difícil”. “Estamos a sobreviver, mas não podemos perder. Não podemos perder. Caso contrário, perderemos a nossa independência”, acrescentou.

Por fim, o Presidente ucraniano negou que não haja vontade de realizar eleições no país, algo de que tem sido acusado, mas reafirmou que esse processo não poderá ocorrer até que “haja um cessar-fogo”.