Foi na segunda-feira que nos despedimos oficialmente do Verão para entrar na nova estação: o Outono. Celebrada como época de colheitas, é para muitos também uma estação de encanto pela beleza que gentilmente espalha por parques e jardins, matas e florestas.

É de olhos postos precisamente nesse património botânico e na paleta de cores calibrada nos amarelos, laranjas, castanhos e dourados que nos fazemos ao caminho, sugerindo uma dezena de passeios para ver e sentir estes postais únicos da natureza a seguir o seu curso. Não são lugares válidos apenas para este momento: merecem, claro está, a visita noutras estações do ano, garantindo uma experiência (e moldura) diferente a cada regresso.

Mata da Albergaria, Gerês

Enquadrada no Parque Nacional de Peneda-Gerês — o único em território português, situado entre o Alto Minho e Trás-os-Montes —, a Mata da Albergaria é um dos lugares imperdíveis quando se trata de testemunhar o deslumbre natural. Classificada como uma das Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa em Portugal Continental, pela riqueza do seu ecossistema, tem no seu carvalhal secular um ponto de honra. A compor o postal da fauna e da flora de cores garridas está um troço da Via Nova (também conhecida como Geira ou Via XVIII), classificado como Monumento Nacional e parte da estrada romana que é uma das mais bem conservadas da Península Ibérica, onde se podem ver ainda mais de uma centena de marcos miliários.

Rota das Faias, Serra da Estrela

É no Parque Natural da Serra da Estrela, nos arredores de Manteigas, que fica o Bosque das Faias de São Lourenço que, não desmerecendo a visita no resto do ano, é todo um esplendor e chamariz aos sentidos durante o Outono. Nesta que é a sua época de ouro, de meados de Outubro até Novembro (e se os incêndios não lhe queimaram os traços), o verde dá lugar ao dourado num trilho pedestre que estende uma passadeira vermelha de folhas aos andarilhos que se fazem ao caminho. A rota PR13MTG tem cerca de seis quilómetros, é circular e, além do bosque de faias centenárias, permite contemplar o Vale Glaciar do Zêzere, as Penhas Douradas ou a Torre.


Mata Nacional do Bussaco, Luso

Classificada como Monumento Nacional, candidata a Património Mundial da UNESCO e detentora do selo de primeira floresta terapêutica da Península Ibérica, a Mata Nacional do Bussaco é outro dos cenários a conferir nesta nova estação. Fica na região centro de Portugal, na vila de Luso, Mealhada, e vale a visita não só pelas árvores centenárias e pelos jardins e palácio à altura de um conto de fadas, mas também pelo manancial de bem-estar que a rodeia, que vai de um simples trilho com uma cascata às águas terapêuticas das Termas do Luso.


Mata Nacional do Choupal, Coimbra

O choupo (que lhe empresta o nome), mas também o plátano, a nogueira-preta e o cedro dos pântanos. São estes os trunfos arbóreos da Mata Nacional do Choupal, plantada no final do século XVIII para limitar a impetuosidade do rio Mondego. É hoje um dos ex-líbris da cidade de Coimbra e um espaço de lazer em plena comunhão com os ciclos da natureza.

Mata Nacional dos Sete Montes, Tomar

Com cerca de 39 hectares, é o principal parque da cidade templária e parte importante da antiga cerca do Convento de Cristo. Utilizada originalmente como área de cultivo e recolhimento dos discípulos da Ordem de Cristo, oferece actualmente um quadro frondoso feito de ciprestes, olaias, carvalhos, pinheiros e oliveiras seculares, a que se junta a Charolinha, um templo em miniatura em forma de torre cilíndrica, construído no século XVI no meio da vegetação, rodeado de água de uma nascente natural.

Tapada Nacional de Mafra

Não é por acaso que é apelidada de Floresta Encantada, título que se valida ao longo de todo ano. Se o cenário criado em 1747 por D. João V para servir de parque de lazer ao rei e à corte — que faz parte do conjunto classificado pela UNESCO como Património Mundial, integrando também o Convento de Mafra e o Jardim do Cerco — já vale a visita por si, na estação que agora chega ganha toda uma nova dimensão. Entre as riquezas a apreciar estão os ecos das ribeiras e as cores quentes do mato e da floresta, assim como os encontros com aves de rapina, veados, gamos e javalis, espécies emblemáticas da Tapada. Há programas específicos e experiências para aproveitar o que o parque tem para oferecer (um curso de fotografia, uma aula de ioga ou um brunch na floresta são algumas das sugestões), tudo detalhado em tapadademafra.pt.


Parque da Pena, Sintra

Entre espécies nativas e árvores exóticas, já para não falar das cascatas, lagos e fontes, eis um lugar onde o romantismo e a poesia da natureza se sentem a cada passo. Nos 85 hectares que configuram o mapa do Parque da Pena, há quadros a não perder, que mais parecem saídos das histórias de encantar: o Vale dos Lagos e o Bosque das Faias são dois deles. Aproveitando a boleia — e pondo de lado os habituais pergaminhos do lugar, onde entram os palácios da Pena, de Monserrate e de Sintra, o Convento dos Capuchos e o Castelo dos Mouros —, acrescentamos ainda ao passeio o Jardim do Chalet da Condessa d’Edla e o “Caminho Perfumado” no Parque de Monserrate. Horários e condições de acesso em www.parquesdesintra.pt.

Parque Florestal de Monsanto, Lisboa

Considerado o “pulmão” de Lisboa, liga com harmonia áreas de mata fechada e diversa a clareiras com vistas amplas sobre a cidade e o rio Tejo. Compõe o ramalhete com trilhos pedestres, ciclovias, miradouros e equipamentos desportivos, fazendo deste um lugar por excelência de comunhão com a natureza em espaço urbano.

Parque Terra Nostra, São Miguel, Açores

Também aqui é sítio para se deixar a paisagem falar. Com uma piscina termal de cor acastanhada a chamar aos banhos, o parque situado nas Furnas é uma obra-prima da vegetação luxuriante. Criado em 1780, o jardim botânico tem uma das maiores colecções do mundo de camélias, áreas de cicas, bambus e fetos na mesma ordem de grandeza, um canal em forma de serpentina e as alamedas das Palmeiras e Ginkgo Biloba a fazer as honras da casa e a açambarcar os sentidos de quem por lá passa. No site do parque há roteiros desenhados para usufruir dos quadros de cada estação, bem como as condições de acesso.

Floresta Laurissilva da Madeira

Um verdadeiro “fóssil vivo”, a floresta natural da Madeira está classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Não é para menos: nesta espécie de arca de Noé florestal que resistiu aos períodos de glaciação e a cinco séculos de humanização, vivem árvores centenárias e plantas únicas no mundo, relíquias naturais a comprovar num passeio pelas levadas, agora pintalgado com os tons de Outono.