Israel anunciou o encerramento do único ponto de passagem entre a Cisjordânia ocupada e a Jordânia a partir desta quarta-feira, dias depois de o ter reaberto.

Passam por este local (Ponte Rei Hussein para a Jordânia, Allenby para Israel, posto de Karama para os palestinianos) milhares de palestinianos por dia, e é também importante por aqui entrarem bens comerciais para a Cisjordânia, e os camiões com a pouca carga humanitária que poderá depois passar para a Faixa de Gaza através dos pontos de entrada do lado de Israel.

O local é o único ponto possível de saída do território para os palestinianos da Cisjordânia que não implica uma entrada em Israel (mesmo continuando o controlo nas mãos de Israel), e usam-no os que não têm autorização para o fazer e utilizar o Aeroporto Ben Gurion, em Telavive. Muitas das pessoas que passam por esta ponte para sair da Cisjordânia têm passaporte jordano, que ocupou o território entre 1948 e 1967.

As autoridades de Israel, onde se comemora actualmente o final de ano e arranca um período de festividades, não responderam a pedidos de comentário, mas há quem esteja a ver esta como uma medida de retaliação israelita à onda de reconhecimentos do Estado da Palestina, levada a cabo por uma série de países, incluindo aliados como o Reino Unido, que declarou o reconhecimento no domingo, o mesmo dia escolhido por Portugal para o seu anúncio. França, o país que arrancou a actual onda, fez o seu reconhecimento oficial na segunda-feira, num encontro de alto nível sobre a questão na Assembleia Geral da ONU.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que anunciaria uma resposta quando regressasse ao país, após uma reunião com o Presidente dos EUA, Donald Trump, que criticou duramente os reconhecimentos (mas que deverá travar a retaliação preferida dos aliados de extrema-direita de Netanyahu, a anexação de parte da Cisjordânia, devido aos potenciais efeitos em países como os Emirados Árabes Unidos ou Arábia Saudita).

Vários comentários na imprensa internacional e israelita admitem que Israel não tem grandes hipóteses de retaliar contra os reconhecimentos sem acabar a usar medidas que prejudiquem também o país, mas que não fazer nada também não era uma hipótese.

Israel respondeu aos reconhecimentos da Irlanda, Noruega e Espanha com medidas bilaterais, incluindo a retirada de embaixadores, recorda o diário The Guardian, mas fazer o mesmo neste momento não é uma boa hipótese, dado o número de aliados que levaram a cabo o reconhecimento.

O ponto de passagem tinha sido antes encerrado depois de um ataque levado a cabo por um jordano, condutor de um camião, que matou a tiro dois soldados israelitas, e reivindicado pelo Hamas. Tinha sido reaberto na segunda-feira.