“Há um ano e meio, o Governo prometeu resolver os problemas na saúde. Nunca nasceram tantas crianças em ambulâncias portuguesas e, mais grave, houve mesmo uma mãe que chegou a dar à luz na rua, um cenário nunca visto no nosso país”, afirmou esta tarde o secretário-geral do Partido Socialista, em resposta ao Primeiro-Ministro. Tem razão quando diz que o parto na via pública não tem precedentes em Portugal?

Não. Há vários casos semelhantes noticiados nos últimos anos, apesar de nem todos terem os mesmos contornos. O Polígrafo decidiu destacar dois em que a assistência médica no local foi pedida mas não chegou a tempo. Isto porque há registos de partos na via pública em que não terá sido requisitado apoio profissional.

O caso mencionado por José Luís Carneiro diz respeito a uma mulher que entrou em trabalho de parto no meio de uma rua no Carregado, onde acabou por ter o bebé. A mãe ligou para o SNS24, que sugeriu que esta se dirigisse a um hospital com meios próprios, ou seja, sem recurso a ambulância. Os bombeiros garantem que prestaram todos os cuidados possíveis mas que quando chegaram ao local o parto já tinha acontecido.

Em janeiro de 2020, em Arroios, uma mulher também deu à luz na rua apesar de os meios de socorro terem sido ativados. A ajuda foi alegadamente dada por um agente da PSP (apesar de haver outras versões) e o parto aconteceu de forma imprevista aos sete meses de gestação. Segundo informação transmitida na altura, terá sido chamada uma ambulância mas, tendo em conta que a cabeça do feto já era visível, a operadora deu indicações médicas “a fim de continuar com o auxílio à progenitora”.

Já em maio de 2018, segundo uma reportagem publicada pelo jornal “Observador”, uma bebé nasceu num posto de gasolina da Galp, na Avenida Gago Coutinho, em Lisboa, com a ajuda de duas funcionárias e do pai. Também neste caso foram acionados meios, que já não chegaram a tempo. O INEM apareceu já depois do nascimento e mãe e filha foram levadas para a Maternidade Alfredo da Costa.

As características que envolvem os três casos são distintas e não há informação sobre inquéritos abertos nestes últimos dois casos, mas a declaração de José Luís Carneiro é simplista. Não menciona as condições ou o contexto, mas antes o facto de um bebé ter nascido na rua em Portugal.

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Avaliação do Polígrafo: