Mosquitos Aedes aegypti manipulados com a bacéria Wolbachia foram soltos, na manhã desta quarta-feira (24/9), em 10 regiões administrativas do Distrito Federal e em dois municípios de Goiás. A soltura dos insetos é uma estratégia para impedir a transmissão de doenças, como a dengue, e faz parte da operação de combate realizada pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF).

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Os mosquitos foram lançados em Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além dos municípios de Luziânia e Valparaíso, em Goiás.

Por meio de um sistema de mapeamento criado para a operação, o agente retira a tampa de tecido do pote com wolbitos e libera os mosquitos. Depois, registra os pontos em que eles foram soltos.

Após a soltura, os agentes retornam os caixotes para a fábrica, onde os potes serão lavados, secos e reutilizados para a criação de uma nova leva de mosquitos wolbitos. No dia seguinte, a rotina se repete em outros pontos, até que todas as regiões mapeadas sejam cobertas.

O chefe do Núcleo de Controle Químico e Biológico da SES-DF, Anderson Leocadio, destacou a importância da logística da ação. “O trabalho foi cuidadosamente planejado para chegar a cada comunidade. Há um planejamento logístico, desde a criação controlada dos insetos até o acompanhamento das solturas, para assegurar que cada região receba cobertura. Não se trata apenas de soltar mosquitos, é uma ferramenta inovadora de proteção à população”, explica.

Após a soltura, será feito o monitoramento e a análise epidemiológica para verificação dos números pós-liberação. Experiências anteriores demonstraram segurança e bons resultados da estratégia, como em Niterói (RJ), que reduziu mais de 80% dos casos de dengue após a liberação dos mosquitos.

Até chegarem aos locais de soltura, os wolbitos passam por um processo de criação controlada. Vindos de Curitiba, os ovos inoculados com a bactéria Wolbachia crescem até a fase adulta em um ambiente controlado, durante sete a 14 dias. Uma vez maduros, são encaminhados às equipes de campo para liberação.

Método Wolbachia

A Wolbachia é uma bactéria de ocorrência natural considerada segura para seres humanos, animais e meio ambiente. Ela impede que o mosquito desenvolva os vírus da dengue, da zika e da chikungunya, não transmitindo mais essas doenças.

Os mosquitos com a Wolbachia — chamados de wolbitos — se reproduzem com os insetos selvagens, transmitindo a bactéria para as próximas gerações. Quando um macho infectado com a Wolbachia cruza com uma fêmea selvagem, não nascem filhotes, contribuindo para substituir a população de insetos transmissores.

Porém, é importante ressaltar que esta é somente mais uma ferramenta de combate às arboviroses. Os outros métodos de proteção devem permanecer, como evitar água acumulada parada, uso de repelentes, entre outros.

 

Mila Ferreira Repórter

Jornalista graduada pelo IESB e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUC-RS. Experiência como roteirista e assessora de comunicação pública e corporativa. Repórter na editoria de Cidades do Correio Braziliense