Os sectores tradicionais como a construção, a saúde e a logística, continuam a ter a maior procura por profissionais e os salários mais bem pagos em Portugal, apesar do avanço da Inteligência Artificial (IA) e da automação. De acordo com o estudo “Tendências Salariais 2025” da Randstad Research, a transformação digital coexiste com uma forte necessidade de profissionais em áreas essenciais da economia real, contrariando a ideia de que a tecnologia elimina de forma linear postos de trabalho.

 

A IA e a automação estão a transformar sobretudo funções administrativas e repetitivas, mas ao mesmo tempo estão a impulsionar a criação de novos perfis altamente qualificados, desde especialistas em Big Data até engenheiros de energias renováveis. Em Portugal, este movimento traduz-se numa dupla dinâmica: o crescimento das funções emergentes ligadas à tecnologia e a valorização crescente de perfis críticos para sectores estruturantes da economia.

Para este estudo a Randstad Research utilizou uma metodologia que cruza dados internos e externos para garantir uma leitura fiável da realidade do mercado português. As tabelas salariais resultam de um cálculo próprio baseado na análise atual da situação económica e laboral em Portugal, permitindo identificar intervalos salariais realistas por sector e função.

Para além da dimensão salarial, o estudo mede também a evolução da procura de funções, através de uma escala de variação que classifica a maior ou menor procura em diferentes níveis de magnitude, facilitando a identificação de padrões e tendências ao longo do tempo.

De acordo com a metodologia aplicada, o estudo permite concluir:

● O sector das Tecnologias de Informação continua a ser o mais competitivo em termos salariais, com intervalos que podem chegar aos 55 mil euros/ano, reflectindo a escassez de perfis altamente especializados (IA, cloud, cibersegurança, data engineering). É também uma das áreas com maior pressão de recrutamento.

● As profissões relacionadas com Marketing e Vendas mostram uma grande amplitude salarial, desde valores de entrada mais baixos até salários elevados em posições de direcção. É uma das áreas com maior dinâmica de crescimento, muito impulsionada pela digitalização do comércio e pela procura de perfis orientados para resultados.

● Engenharia e Indústria mantêm-se como um sector sólido: salários médios competitivos e procura elevada por gestores de projecto e engenheiros/as de produção, sobretudo ligados à construção e à modernização industrial.

● Life Sciences & Healthcare estão entre os sectores mais valorizados, com salários que podem ultrapassar os 45 mil euros/ano, revelando a pressão estrutural sobre o sistema de saúde e a necessidade contínua de profissionais qualificados.

● As áreas de Finanças, Recursos Humanos e Jurídica apresentam salários mais modestos comparativamente a outros sectores (máximo em torno dos 32 mil euros/ano), reflectindo maior oferta de profissionais e uma procura concentrada em funções administrativas e de suporte.

● Na Banca e Seguros os salários são estáveis mas menos competitivos face a TI e Saúde, com destaque para funções regulatórias (compliance) e de análise de risco.

A metodologia do estudo combina dados internos da Randstad Research (processos de recrutamento e consultoria de RH) com estatísticas oficiais do INE, bem como referências internacionais como o Future of Jobs Report 2025 do World Economic Forum (WEF) e o Workmonitor 2025 da Randstad.

«A grande mais-valia deste estudo é traduzir a realidade salarial em Portugal de forma objectiva e comparável entre sectores. Ao combinar dados internos e externos, conseguimos oferecer às empresas uma ferramenta estratégica para ajustar políticas de remuneração e identificar áreas críticas de escassez de talento. Para os profissionais, é também uma oportunidade para compreender onde estão as maiores oportunidades de progressão e em que competências devem investir para aumentar a sua empregabilidade», refere Isabel Roseiro, directora de Marketing da Randstad Portugal.

«A leitura transversal dos dados confirma que as melhores oportunidades de carreira e de progressão salarial concentram-se nas TI e Life Sciences & Healthcare, enquanto as áreas administrativas e de suporte surgem como as mais pressionadas pela automação», resume Isabel Roseiro.