Partilhar livros com quem troca ideias, deixar histórias para trás para outros as agarrarem e as levarem consigo. É esta a lógica do bookcrossing, um movimento global que transforma espaços públicos “em pontos de libertação de livros” — disponíveis para quem quiser ler, devolver ou fazer circular. No Bombarral, essa ideia encontrou morada no Café Capri.
“Sempre tive a ideia de ter uma estante de livros. Um canto onde as pessoas pudessem pegar num livro para ler, levar ou deixar”. Carla Sousa, de 35 anos, fala com paixão sobre o mais recente capítulo deste espaço que gere com o marido, Gonçalo Rainho, de 51. Há cerca de um mês, em parceria com o projeto Mala d’Estórias (fundado por Guida Bruno, em 2013), deram início ao seu próprio ponto de leitura e partilha. A ideia é simples: quem quiser pode levar um livro, lê-lo ao seu ritmo e depois devolvê-lo, permitindo que continue a ser partilhado. “Se tiver obras paradas em casa, também as pode trazer”, acrescenta.
A iniciativa encaixa na perfeição com o espírito que ambos trouxeram ao Café Capri quando o reabriram a 17 de abril deste ano. Clientes de longa data, viram na oportunidade de ficar com o café uma forma de o manter ativo. “Queríamos dar uma cara mais moderna, mas sem perder a sua essência.”
O Capri é pensado como um ponto de encontro. “Estamos sempre a criar dinâmicas para que o espaço seja de convívio. Para quem está cansado de trabalhar sempre em casa, queremos que seja uma alternativa”, afirma Carla. Há vários pontos que o tornam acolhedor. Um exemplo disso é o piano que está disponível para quem quiser tocar e, em troca, recebe um café de graça.
Ao longo do ano assinalam várias datas especiais, criando momentos de partilha com quem lá passa. O casal já tem planos para depois do verão: organizar tertúlias e aprofundar o lado cultural do Capri. “A ideia é podermos conversar sobre ideias e temas que nos toquem”.
O conceito é claro: que cada pessoa encontre ali algo de que goste. E isso sente-se também na carta, que vai das sopas com combinações criativas (como couve-flor assada com avelã, desde 3,75€), às massas com pesto (a partir de 7,80€), croissants recheados de pistácio, caramelo salgado ou chocolate Kinder (desde 3,80€), e sobremesas como o cheesecake de caramelo salgado (5,50€) ou o tiramisú (5,75€). Para uma refeição mais completa há as “pinsas”. “Não são as típicas pizzas. São a estrela da nossa casa”, afirma. Ovais e com base crocante, surgem em várias versões, desde frango com cogumelos, de pepperoni ou de camarão, com preços a partir de 7,50€.
Também as bebidas revelam uma atenção ao detalhe. O Iced Matcha Latte, adoçado com mel (4,80€) e a Brisa de Capri — cocktail com gin, puré de maçã, melão, lima, gelo e manjericão (5,50€), são apenas dois exemplos. Com 80 lugares sentados, com esplanada, o espaço está preparado para acolher quem o procura a qualquer hora. “Abrimos às 7h45 e só fechamos às duas da manhã. Queremos estar disponíveis em todos os horários e para todas as pessoas”.
Carla vive há dez anos no Bombarral. É “angolana de passaporte”, cresceu na África do Sul e hoje encontra no Capri o reflexo da vontade de criar algo diferente. “É para a comunidade, para estarmos uns com os outros. Para comer, ler, conviver ou simplesmente estar”, conclui.
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