Zelensky começou por falar de paz, frisando que “o direito internacional não funciona plenamente a não ser que se tenham amigos poderosos que estejam verdadeiramente dispostos a defendê-lo. E mesmo isso não funciona sem armas”. “Não há garantias de segurança, exceto amigos e armas”, considerou o presidente da Ucrânia, depois de referir que “se uma nação quer a paz ainda precisa de trabalhar com armas”. “As armas decidem quem sobrevive”, disse.
Os episódios de violência e os ataques aumentam diariamente e “as armas estão a evoluir mais rapidamente do que a capacidade de nos defendermos“, apontou.
“Dezenas de milhares” de pessoas sabem atualmente usar drones para matar, uma consequência, diz, da guerra russa. “O que irá suceder se os drones se tornarem amplamente disponíveis”, questionou, mencionando as recentes incursões em espaços aéreos nacionais por parte da Rússia.
“O mundo está a mover-se muito lentamente para se proteger”, avisou. “É apenas uma questão de tempo até que os drones combatam drones, sozinhos, totalmente autónomos”.
“Estamos a viver a corrida ao armamento mais destrutiva da história da humanidade”, fruto da inteligência artificial, acrescentou Zelensky, apelando a “regras globais” para o uso militar da IA.
“Deter Putin é por enquanto mais barato”
A Ucrânia tem sido o palco mundial de teste para o uso ofensivo de drones, facto que Zelensky reconheceu, referindo que a Rússia “não nos deixou outra escolha” para “proteger o nosso direito à vida”.
A intensidade dos bombardeamentos russos não abrandou e inclui mesmo instalações nucleares ucranianas, lembrou o presidente ucraniano, afirmando ainda que “esta loucura continua” porque as instituições internacionais são “muito fracas”.
E a intenção de Vladimir Putin é alastrar o conflito, acusou também, lembrando as recentes violações do espaço aéreo de países do leste europeu. “Fazer parte de uma aliança militar de longa data [a NATO] não significa automaticamente que se esteja em segurança”, referiu ainda.
“A vulnerabilidade e insegurança da Estónia e da Moldávia às
incursões russas provam que ‘a resposta global’ à Rússia não tem sido suficiente”, acrescentou.
“A Rússia está a tentar fazer
com a Moldávia o que o Irão fez um dia com o Líbano, e a resposta
global, novamente, é insuficiente“, acusou, dizendo que os líderes
europeus têm de fazer mais em concreto para ajudar, em vez de palavras
e gestos políticos.
Caso contrário, “o custo final será muito mais elevado”.
“Já
perdemos a Geórgia na Europa”, referiu, “e a Bielorrússia também se tem
vindo a tornar dependente da Rússia. A Europa não se pode dar ao luxo de
perder também a Moldávia”, afirmou.
Os factos são simples, resumiu Zelensky. “Deter Putin é por enquanto mais barato” do que tentar proteger depois os portos ou os navios do mundo. “É mais fácil do que uma corrida ao armamento global”.
Cabe aos líderes do mundo zelar pela paz e deter Putin, defendeu ainda. “Não se calem enquanto a Rússia continua a arrastar esta guerra, por favor, manifestem-se e condenem-na”, apelou.
Nos momentos finais do seu discurso, Zelensky referiu que teve ontem um “bom encontro” com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Mas, apesar de “valorizar o apoio de Washington”, “no final de contas, a paz depende de todos nós”, lembrou.