O iPhone 17 Pro e o iPhone 17 Pro Max, modelos mais caros da linha lançada pela Apple no começo do mês, com preços que começam em R$ 11,5 mil, já geram críticas nas redes sociais. Desde a chegada dos novos iPhones às lojas, usuários vêm compartilhando fotos e vídeos mostrando que os aparelhos apresentam arranhões e marcas visíveis mesmo com poucos dias de uso, levantando dúvidas sobre a real durabilidade da linha Pro.
As primeiras imagens dos arranhões começaram a circular no Weibo, rede social chinesa, no X (ex-Twitter) e no TikTok, onde usuários relataram marcas na traseira e nas laterais dos aparelhos. A situação se repetiu nas lojas da Apple: até unidades em exposição já apresentavam sinais de desgaste.
Aparelhos recém-lançados exibem arranhões na traseira e nas bordas; especialistas explicam impacto do alumínio anodizado e quais cores riscam mais Foto: @cherednik_a; @immasiddx/X/Reprodução
O jornalista Mark Gurman, da Bloomberg e especialista em produtos Apple, explica que o problema está relacionado à mudança no material usado pela Apple. Ele aponta que a empresa mudou o corpo do iPhone para uma estrutura de alumínio anodizado nos modelos Pro e Pro Max este ano, abandonando o titânio. O alumínio anodizado cria uma camada protetora e permite cores mais intensas, mas é mais suscetível a arranhões nos cantos e bordas do que o titânio.
“As variantes azul-escuro do iPhone 17 Pro e Pro Max apresentaram marcas e arranhões após apenas algumas horas de exposição”, explicou Gurman em um vídeo publicado no TikTok do jornal. “O iPhone Air preto também se mostrou propenso a arranhões”.
Para reduzir os danos, Gurman recomenda cuidado no uso: “Se você não quer que seu novo iPhone fique arranhado, talvez seja melhor usar uma capa ou reconsiderar a compra das versões em azul escuro do 17 Pro ou 17 Pro Max e da versão em preto do 17 Air. Isso porque os modelos azul escuro e preto são mais propensos a arranhões do que as cores mais claras, como dourado, azul e branco do Air e a versão laranja do 17 Pro e 17 Pro Max”.
“Quanto mais dura é uma superfície, menos ela será riscada. O alumínio é anodizado, mas provavelmente a camada de acabamento está muito fina”, explica Márcia Silva de Araújo, engenheira química e professora na Universidade Tecnológica Federal do Paraná ao Estadão. “A anodização é um tratamento superficial que aumenta a dureza da superfície. Neste processo, o alumínio (material metálico) da superfície se transforma em óxido de alumínio, ou alumina, que é mais duro do que o metal”.
Ela acrescenta que, para melhorar a resistência ao desgaste, é preciso ajustar o processo de anodização, aumentando a camada de óxido formada na superfície. “Para evitar esses riscos, a sugestão é usar capas protetoras”, completa.
O blogueiro de tecnologia Zack Nelson, do canal JerryRigEverything no YouTube, também demonstrou a fragilidade em testes de durabilidade em vídeo. Segundo ele, a camada de alumínio anodizado do iPhone 17 Pro e 17 Pro Max “não adere muito bem aos cantos”, criando pontos fracos no revestimento.
“Por algum motivo, a Apple não adicionou um chanfro, filete ou raio ao redor da base da câmera, e acho que foi intencional, então ficou mais bacana. Mas essa decisão de parecer bacana logo de cara vai incomodar todos que tiverem esse telefone no futuro”, afirma Nelson. Ele mostra que objetos do dia a dia, como moedas ou chaves no mesmo bolso do iPhone, podem desgastar o revestimento anodizado ao redor dos cantos da câmera, embora arranhões na superfície plana da base da câmera sejam facilmente removíveis.
A Apple explica em seu site que a escolha do alumínio foi consciente, para criar cores mais intensas e um visual sofisticado, mesmo que isso deixe o aparelho mais vulnerável em certas áreas. A empresa descreve os modelos como “construídos com uma câmara de vapor projetada pela Apple, soldada a laser em um corpo único de alumínio resistente, leve e termicamente condutor”, oferecendo “o melhor desempenho da Apple até hoje”.
O Estadão entrou em contato com a Apple, que não quis comentar a situação.
Usuários também notaram marcas circulares no módulo de câmera, mesmo em aparelhos novos. Esse tipo de desgaste ocorre com o contato das lentes com superfícies durante o uso diário, evidenciando a fragilidade do design.
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No Brasil, o iPhone 17 Pro tem preço inicial de R$ 11,5 mil e pode chegar a R$ 18,5 mil na versão Pro Max de 2 TB. Com valores elevados, consumidores esperam resistência maior e questionam a qualidade do acabamento. A Apple, por sua vez, descreve o modelo como tendo “durabilidade excepcional” e afirma que o Ceramic Shield 2 na parte frontal oferece resistência a arranhões três vezes maior, além de um corpo de alumínio forjado mais robusto.
Para Ricardo Poli, coordenador do curso de marketing da Fundação de Apoio à Tecnologia, o problema não é apenas técnico: “A questão técnica é que o produto apresenta falhas, como desgaste, descascamento ou arranhões na superfície. Isso é surpreendente para a Apple, que sempre primou pela qualidade dos atributos dos seus produtos”.
Para Poli, o lançamento da linha também envolve fatores mercadológicos: “Em termos mercadológicos, é quando o lançamento se torna mais importante do que o próprio produto. É preciso cumprir prazos e lançar os aparelhos mesmo que pequenos problemas no acabamento ainda existam, principalmente quando estamos falando de um produto que ganha uma linha nova todos os anos”.
O problema lembra o “Scuffgate” de 2012, quando o iPhone 5 arranhava com facilidade mesmo com uso normal. O nome vem do inglês “scuff”, que significa arranhão ou desgaste superficial, e do sufixo “-gate”, usado para polêmicas; na época, a Apple afirmou que marcas e arranhões eram normais no uso do aparelho.
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