Paulo Cunha / Lusa

O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro ao lado do líder do partido, André Ventura.

Gabriel Mithá Ribeiro abandonou Assembleia da República esta segunda-feira. Participação em livro sobre o Chega “desagradou”. Mas, de qualquer forma, estar no Chega era “um peso” para o ex-deputado recheado de polémicas.

A vida interna do Chega voltou a ser abalada no início desta semana, com mais uma saída inesperada.

Gabriel Mithá Ribeiro, deputado eleito pelo círculo de Leiria e até agora secretário da Mesa da Assembleia da República, apresentou a sua renúncia ao mandato parlamentar.

A decisão foi comunicada pelo próprio partido, sem explicação, lê-se em comunicado enviado às redações:

“Informa-se que o deputado eleito pelo círculo de Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro, solicitou, nos termos do artigo 7.º do Estatuto dos Deputados, a renúncia ao mandato de deputado, sendo substituído por Rui Fernandes”

No entanto, nota o JN que a demissão está bastante próxima da publicação do livro “Por dentro do Chega”, de Miguel Carvalho, onde Mithá participa com  críticas sobre André Ventura e sobre a cultura interna do partido.

No livro, Mithá diz que Ventura “acaba por ficar limitado” por improvisar nos discursos, e acusa os militantes do partido de discutirem política “à taberneiro”, cita o JN. Na mesma publicação, o professor universitário admite também que a vida partidária — ou, pelo menos, a que leva, no Chega — se tornara para si um fardo.

“Estar no Chega é um peso. O tempo começa a desaparecer e eu sempre fui mais de ler e escrever. Neste momento, o meu dia fica ocupado com isto e, se continuar assim, ao fim de dez anos estou burro”.

Na passada sexta-feira, André Ventura apresentou o seu prometido “governo-sombra”, sem o nome de Mithá, que alegadamente esperava ser a escolha do líder para ministro da Educação (a escolha recaiu em Alexandre Franco de Sá). Na verdade, a participação no livro “desagradou”, e foi mesmo o motivo da saída de Mithá do Parlamento, diz um dirigente do partido ao JN, apesar de Ventura ter declarado que a saída se deve a “razões pessoais”.

O lugar de Mithá Ribeiro será agora ocupado por Rui Fernandes, quarto da lista de Leiria nas legislativas. Mas o professor mantém-se como candidato do Chega à Câmara de Pombal nas eleições autárquicas de outubro, embora também aqui enfrente divisões internas.

A concelhia local, liderada por Paulo Costa, tem estado em rota de colisão com o candidato, tendo chegado a apresentar listas concorrentes às mesmas eleições autárquicas.

O percurso de Mithá Ribeiro no Chega não tem sido nada tranquilo. Em 2022, demitiu-se da vice-presidência após ser agredido pelo colega de bancada Bruno Nunes.

Mais tarde, reconciliou-se com Ventura, regressando ao gabinete de estudos, mas nunca terá recuperado plenamente a confiança política.

Em 2024, ao regressar como cabeça de lista por Leiria, enfrentou a contestação de estruturas locais ligadas a Luís Paulo Fernandes, presidente da distrital, que chegaram a demitir-se em bloco em protesto.

Já este ano, viu o seu nome associado a novas polémicas, depois de a Comissão de Transparência o ter censurado por insultos à deputada socialista Isabel Moreira, a quem chamou “feminazi” e “diabólica”.


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