Professora, dramaturgista, actriz e cantora, Helena Rocha, pilar do Teatro Politeama, morreu aos 81 anos, anunciou a companhia na noite de terça-feira.

“[Helena Rocha] foi uma das grandes obreiras deste teatro, ao qual dedicou, a par da sua vida de ensino, todo o seu talento de maravilhosa criadora e comediante”, pode ler-se no comunicado assinado pela equipa do Politeama e pelo seu director, o encenador Filipe La Féria, que não especifica nem a data, nem a causa de morte da actriz.

“Helena Rocha ficará para sempre ligada à História do teatro português pela total dedicação e qualidade com que exerceu a sua profissão e paixão”, remata.

Directora de cena em quase todas as produções do Politeama, isto já depois de se ter notabilizado como cantora nos anos 60, década em que teve “vários sucessos discográficos”, Helena Rocha integrou ainda o elenco de inúmeros espectáculos desta companhia que tem casa na Baixa de Lisboa. Entre eles estão Amália, My Fair Lady, Rosa Tatuada, Um Violino no Telhado, A Canção de Lisboa e A Gaiola das Loucas, contracenando neste último com José Raposo, Carlos Quintas e Rita Ribeiro.

Nascida em Julho de 1944 em Angola, país onde viveu até aos 14 anos, Helena Rocha começou por se dedicar ao ensino, mas sem abdicar da música. Enquanto estudava — licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa —, gravou discos que ganharam alguma popularidade e apresentou-se em concerto por todo o país, e também em Angola, na Guiné e em vários palcos europeus.

Data de 1965 o seu primeiro disco, Calhambeque, editado pela Decca, chancela com que sairiam também Zigue Zague e Onde É Que Eu Arrumo O Carro?. Na tua boca sou tua/ Há festa na Mouraria, já pela Tecla, um álbum de fado, é a última entrada da sua discografia.

Durante esta década, a sua passagem pelo célebre programa da RTP Lugar aos Novos também não passou despercebida.

Ao casar, em 1969, voltou a Angola, onde deu início à sua carreira como professora do ensino secundário, depois de fazer o curso de Ciências Pedagógicas na Universidade de Luanda.

O 25 de Abril de 1974 e o início da guerra civil em Angola ditaram o seu regresso definitivo a Portugal, onde foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian num curso para professores de Inglês para estrangeiros na Universidade de Southampton. A tradução, aliás, a par da escrita, sempre foi uma das suas paixões, razão pela qual, a partir de 1996, começou a trabalhar no Politeama, colaborando com La Féria como co-autora de originais e adaptações. O seu nome pode associar-se, para além das já citadas, a produções como O Vison Voador, A Flor do Cacto e A Casa Saudade.