Filme do islandês Rúnar Rúnarsson sobre uma jovem estudante de arte, Una (Elin Hall) que está apaixonada por um colega que anda com outra rapariga e vai romper com ela, e a seguir é atingida por uma tragédia que afeta todo o país, um acidente envolvendo dezenas de automóveis num túnel rodoviário. No Romper da Luz é correcto e claro naquilo que se propõe contar, mas também muito óbvio e pueril na forma como recorre ao nascer e ao pôr do sol para figurar emoções e estados de alma das personagens. E apesar da fita durar apenas 80 minutos, ficamos com a sensação de que Rúnarsson (autor, em 2019, do muito interessante Echo-Mosaico de Natal, uma coleção de instantâneos sobre a Islândia na quadra natalícia) podia ter resumido esta história numa curta-metragem.

O Toxic Avenger original de 1984, tutelado pela produtora independente de culto Troma, então divulgada em Portugal no Fantasporto, é uma série Z assumida e gozona, cheia de humor negro e de gore deliberadamente exagerado, e cujo sucesso inesperado deu origem a uma continuação. Este remake com Peter Dinklage no papel do homem da limpeza que todos humilham e que, após ser atirado para um depósito de resíduos tóxicos, fica disforme e adquire poderes especiais, é perfeitamente redundante, falhando quer como paródia aos filmes de super-heróis, quer como pastiche trocista das fitas de terror de baixo orçamento. A realização de Macon Blair é fatigante de espalhafato visual e sonoro, e até Kevin Bacon vai mal no papel do malvado plutocrata dono das fábricas poluidoras.

Paul Thomas Anderson inspirou-se no romance Vineland, de Thomas Pynchon, publicado em 1990 e que se passa nas décadas de 60 e de 80, para rodar esta produção de 130 milhões de dólares que combina comédia negra, acção, drama familiar e política. Um antigo revolucionário, Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio), vê-se perseguido, com a sua filha adolescente, por um velho inimigo, o coronel Lockjaw, que 16 anos antes neutralizou o grupo de guerrilha urbana a que ele pertenceu, juntamente com a mãe da rapariga. Esta desapareceu no México após denunciar os camaradas e ter tido uma relação de contornos sadomasoquistas com aquele militar. Batalha Atrás de Batalha foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.