A economia portuguesa cresceu 0,6% no segundo trimestre, em cadeia, ou seja face ao primeiro trimestre, período em que registou uma contração de 0,4% (valor revisto).
O INE aponta, nestes primeiros dados, para um crescimento em cadeia puxado pelas exportações, que cresceram (no trimestre anterior tinham reduzido) apesar do momento de indefinição ainda vivido nesse período em relação à guerra comercial, e da procura interna puxada pelo consumo privado.
Já em termos homólogos, ou seja comparando com igual período do ano passado, o crescimento cifrou-se em 1,9%. No primeiro trimestre tinha registado um crescimento homólogo de 1,7%, o que significa que acelerou no segundo trimestre face ao primeiro.
Nos primeiros dados, que não contém nesta fase a evolução para as várias componentes do PIB, o INE aponta um contributo negativo homólogo da procura externa líquida menos acentuado, já que as importações tiveram uma desaceleração maior do que as exportações. Por outro lado, houve um contributo positivo menor da procura interna por via “do abrandamento do investimento”.
O Governo aposta no consumo das famílias para acelerar a economia nos dois últimos trimestres do ano. Por isso, já publicou as novas tabelas de retenção de IRS, por via de menor imposto, que vai colocar mensalmente mais dinheiro na conta dos portugueses. E prometeu pagar um suplemento aos pensionistas. A “receita” é idêntica à que foi seguida em 2024, ano em que, no conjunto, a economia cresceu 1,9%.
Nesta fase o Governo mantém a projeção para o conjunto de 2025 mais otimista, com o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a assumir que não deverá estar em risco um crescimento acima de 2%. A projeção das Finanças apontam para 2,4%. Segue-se no otimismo o Conselho das Finanças Públicas com uma projeção de 2,2% e o FMI com 2%. As restantes projeções ficam abaixo dos 2%. A OCDE aponta para os 1,9%, a Comissão Europeia para 1,8% e o Banco de Portugal (que vai mudar de liderança, com a saída de Mário Centeno e a entrada de Álvaro Santos Pereira) é o mais pessimista, estimando 1,6%.
Os dados mais detalhados sobre a evolução da economia do segundo trimestre serão apresentados a 29 de agosto. Os economistas avançaram à Lusa projeções de expansão entre 0,2% e 0,7% em cadeia e entre 1,4% e 1,9% em termos homólogos.
Espanha apresentou na terça-feira um crescimento de 0,7% em cadeia no segundo trimestre, quando no primeiro tinha subido 0,6%. Em termos homólogos o país vizinho cresceu 2,8%. Em Espanha foi o consumo privado a puxar pela economia, assim como o investimento.
Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat, Portugal teve o quinto maior crescimento em termos homólogos, de um conjunto de 15 países, mas foi o segundo maior crescimento em cadeia (só superado por Espanha). O crescimento nacional superou o da Zona Euro e da União Europeia que em termos homólogos tiveram crescimentos de, respetivamente, 1,4% e 1,5%, e em cadeia de 0,1% e 0,2%.
O INE, que apresentou esta quarta-feira os dados preliminares, reviu os dados referentes ao primeiro trimestre. Assim, a contração foi de 0,4% (e não de 0,5%) em cadeia e em termos homólogos o crescimento atingiu os 1,7% (e não 1,6%).
“A incorporação de nova informação primária no apuramento da estimativa rápida do PIB, incluindo as estatísticas do comércio internacional de bens para o primeiro trimestre de 2025, conduziu à revisão em alta de 0,1 pontos percentuais nas taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB para o primeiro trimestre de 2025”, indica o INE.
O Instituto Nacional de Estatísticas — que foi visado por Marcelo Rebelo de Sousa por causa das estatísticas da imigração — explica que “desde o primeiro trimestre de 2017, quando se iniciou o período de testes de compilação da estimativa rápida do PIB em t+30 dias, o valor médio absoluto da revisão da taxa da variação homóloga do PIB em volume com a publicação da estimativa a 60 dias fixa-se em 0,1 pontos percentuais e em nenhum trimestre excedeu 0,3 pontos percentuais. A magnitude destas revisões não se diferenciam assim das verificadas noutros países”.
A divulgação “mais precoce de resultados comporta uma maior probabilidade de revisões mais significativas, refletindo, sobretudo, o menor volume de informação primária disponível. Contudo, esta antecipação na disponibilidade de informação macroeconómica permite alinhar Portugal com outros países, designadamente da União Europeia”.