Exame facilita diagnóstico precoce de AlzheimerFoto: CTMM Medicina | UFMG
A UFMG realizou, na última terça-feira, 23, o seu primeiro exame de PET-CT cerebral usando o radiofármaco 18F-florbetabeno. Esse radiofármaco tem a propriedade de se ligar às placas beta-amiloide no cérebro, possibilitando avaliar a presença ou ausência das lesões associadas ao risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Novo radiofármaco é seguro e já foi aprovado por agências reguladoras
Foto: CTMM Medicina | UFMG
O novo radiofármaco usado é seguro, confiável e vem sendo amplamente usado em outros países. Agências reguladoras internacionais, como a FDA, dos Estados Unidos, e a EMA, da União Europeia, já aprovaram seu uso, assim como a Anvisa, no Brasil. O recurso, portanto, ganha destaque em um cenário em que cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com Alzheimer no Brasil, muitas ainda sem o diagnóstico confirmado.
O procedimento foi feito no Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM) da Faculdade de Medicina da UFMG, o que põe Belo Horizonte no seleto grupo das cidades brasileiras aptas a realizar o teste. “É um marco na medicina diagnóstica do nosso estado”, afirma o professor Marco Aurélio Romano-Silva, coordenador do CTMM e chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG.
O professor explica que as placas beta-amiloide podem se acumular silenciosamente no cérebro por vários anos antes do surgimento dos primeiros sintomas da doença. O exame, quando indicado pelo médico, possibilita avaliar a presença e a carga dessa proteína em fases iniciais, oferecendo maior segurança ao médico para apoiar um diagnóstico precoce do Alzheimer.
Resultados
Um resultado negativo do exame indica baixa probabilidade de que o paciente venha a desenvolver comprometimento cognitivo leve associado à doença de Alzheimer. Um resultado positivo, por sua vez, obtido de forma segura e confiável mesmo antes do surgimento dos sintomas clínicos, fornece informações relevantes que podem orientar o acompanhamento médico e o planejamento do cuidado, contribuindo para preservar a qualidade de vida do paciente e de sua família.
“Agir precocemente aumenta as chances de preservar a qualidade de vida dos pacientes por mais tempo”, afirma a médica nuclear Hérika Martins Mendes Vasconcelos, responsável pela condução do exame. Ela ressalta que o PET-CT contribui para diagnósticos mais precisos, orienta estratégias terapêuticas mais eficazes e favorece cuidados mais humanizados.
PET-CT. possibilita realização dos exames
Foto: CTMM Medicina | UFMG
Novas possibilidades de pesquisa
O avanço não se limita apenas a essa nova modalidade de exames usando o PET-CT. O CTMM também acaba de instalar o Single Molecule Array (SIMOA), equipamento que pode detectar concentrações mínimas de proteínas no sangue. A tecnologia complementa o exame de imagem, ampliando a capacidade de identificar biomarcadores relacionados ao Alzheimer em estágios iniciais.
A combinação das duas ferramentas, análise molecular e imagem cerebral, fortalece a precisão diagnóstica e abre novas possibilidades de pesquisa em terapias inovadoras, como o uso de imunoterapia e de medicamentos que visam remover placas beta-amiloide. Além disso, o uso conjunto das ferramentas pode ajudar o médico a selecionar pacientes elegíveis para ensaios clínicos, otimizando recursos e aumentando as chances de sucesso de novos tratamentos.
O Centro de Tecnologia em Medicina Molecular desenvolve tecnologias responsáveis e de ponta para o diagnóstico nos campos da neurociência e da medicina molecular. Sempre com indicação médica, o CTMM realiza exames de PET Scan para diagnóstico de diferentes tipos de câncer e análise de metabolismo celular em diversas estruturas. Usando métodos específicos, o Centro também realiza os exames de câncer de próstata e de mama.