Após sucessivas violações do espaço aéreo de países europeus por parte de aeronaves e drones russos e uma mudança de tom por parte da NATO, sobretudo do presidente americano Donald Trump, que considera que os países da Aliança deveriam abater as aeronaves russas se violassem o seu espaço aéreo, Moscovo brande a ameaça de guerra.
“Sabe, há muitos aviões da NATO que violam o espaço aéreo russo (…) isso acontece com bastante frequência e eles não são abatidos”,
afirmou Alexey Meshkov, ao microfone da RTL. O embaixador da Rússia em França advertiu que, se a NATO respondesse, “seria a guerra”.
Na última madrugada, pela segunda vez esta semana, drones de origem desconhecida sobrevoaram os aeroportos civis e militares na Dinamarca, colocando o país em alerta máximo. O ministro dinamarquês da Defesa considerou que se tratava de “uma ameaça sistemática” causada por “um ator profissional”.
Moscovo “nega” qualquer incursão
Questionado sobre a responsabilidade nestes incidentes em espaço aéreo europeu, a resposta do diplomata russo é categórica: “Nós negamos”.
Alexey Meshkov observou que “a Rússia não faz isso, brincar com alguém. Não é bem o nosso estilo”, afirmou o diplomata russo, acusando o Ocidente ter “enganado” Moscovo “repetidamente”.
“Não foi a Rússia que se aproximou das fronteiras da NATO”
Questionado pelo jornalista da RTL sobre o facto de parecer a vítima e não o agressor, o diplomata russo diz que é esse o caso: “não foi a Rússia que se aproximou das fronteiras da NATO”, se analisarmos os acontecimentos dos últimos anos.
“Acusam-nos de arranjar problemas nas fronteiras da NATO mas foi a NATO que veio na nossa direção, que se aproximou das nossas fronteiras, não foi o contrário, a Polónia, a Finlândia, os países bálticos, eram países neutros e por isso representam problemas de segurança”, afirmou Alexey Meshkov.
“Kremlin não tem países inimigos, tem governos inimigos”
Sobre se a França era considerada um adversário da Rússia, o diplomata citou o presidente Vladmir Putin que disse recentemente que “a Rússia não tem países inimigos, tem governos inimigos” e lamentou que, atualmente, “o governo francês conduza uma política inimiga em relação à Rússia”.
Sobre a possibilidade de um governo conservador chegar ao poder em França, como por exemplo o Rassemblement National de Marine Le Pen, o embaixador declarou que cabe “ao povo francês eleger o seu chefe” e que “a Rússia não interfere nos assuntos internos de outros Estados”, negando qualquer ingerência do Kremlin para desestabilizar a França. “Não, não é a nossa forma de proceder, a Rússia não se ingere nos
assuntos de nenhum Estado, contrariamente à política ocidental”, afirmou.
Confrontado com a existência de nove dossiers que indicam o contrário, atualmente nas mãos da justiça francesa, Alexey Meshkov questionou: “Mas quais ingerências russas? A Rússia, a Embaixada nunca foram informadas, é através de si que acabo de saber da existência desses nove dossiers”. E concluiu a entrevista, observando que cabe aos franceses responder “porque é que o caos reina em França hoje em dia?”.