O presidente do Benfica admitiu à CNN Portugal que lhe custa falar de Bruno Lage, que ninguém “fez a cama” ao ex-treinador e que o mau início de época tem origem no Mundial de Clubes
José Mourinho está a ganhar o salário mais baixo desde que saiu de Portugal e aceitou uma “cláusula rara” para vir para o Benfica, revelou Rui Costa esta quinta-feira na entrevista à CNN Portugal.
“A vontade que José Mourinho tinha de vir para o Benfica fez-me acreditar muito mais ainda que era o treinador ideal para o Benfica neste momento. Teve a responsabilidade de perceber a realidade do futebol português e do Benfica. Mourinho respeitou o momento do Benfica”, disse o presidente do clube, que explicou que a cláusula permite que o Benfica seja compensado financeiramente por José Mourinho caso o treinador queira sair do clube e que corresponde a menos de metade do seu salário anual.
Rui Costa recusou revelar quanto Mourinho ganha no Benfica, mas concedeu que “anda à volta” dos 3/4 milhões de euros, o que “não está acima” do que ganhava Roger Schmidt. “Um treinador desta envergadura paga-se”, reconheceu.
A saída de Bruno Lage também foi tema, embora Rui Costa admita que falar do ex-treinador do Benfica lhe custa pessoalmente. O presidente dos encarnados disse que Lage “não era o problema”, mas garantiu que ambos chegaram à conclusão que a saída era a melhor alternativa após a derrota caseira frente ao Qarabag, a contar para a primeira jornada da Liga dos Campeões.
“O Benfica hoje está muito mais pronto para o futuro do que quando eu entrei”
Rui Costa recusou ainda que diretor geral do futebol do Benfica, Mário Branco, tenha “feito a cama” a Bruno Lage para que José Mourinho fosse contratado.
“Não houve plano nenhum para afastar Bruno Lage (…) Não faz sentido dizer que Mário Branco lhe fez a cama. O que se está a dizer neste momento é que Mário Branco já tinha feito a cama a Bruno Lage e, ao mesmo tempo, já tinha feito a cama ao Mourinho no Fenerbahçe para poder vir para o Benfica”, ironizou.
Quanto ao plantel, Rui Costa acredita que é “equilibrado” e descarta a presença de “jogadores maldosos”. Houve também tempo para um autoelogio.
“O Benfica hoje está muito mais pronto para o futuro do que quando eu entrei (…) Quando eu entrei e nos primeiros dois anos, tinha um plantel que, para além de ter mais de 60 jogadores na folha salarial – hoje são 26 jogadores – tínhamos 13 jogadores com 30 e acima dos 30 anos, era um plantel que estava vazio.”
Apesar de considerar o Benfica mais bem preparado para o futuro do que quando chegou, Rui Costa admite que as contas que Luís Filipe Vieira deixou eram “melhores” do que as atuais. O presidente do Benfica aponta a pandemia de covid-19 como um dos motivos e lembra que o Benfica “não cortou salários” de jogadores e funcionários durante esse período “em que não teve receita”.
“Não venho para estes programas para lavar roupa suja”
As bicadas de Luís Filipe Vieira, que disse na CNN Portugal que Rui Costa era um homem “ingrato” e um “mau gestor”, não receberam resposta da parte do líder benfiquista. “É uma pena. Não venho para estes programas para lavar roupa suja”, explicou, garantindo também que nunca mais falou com Luís Filipe Vieira desde que assumiu a presidência do Benfica.
O mau início da época, com dois empates caseiros para a Liga, contra Santa Clara e Rio Ave, e a derrota inesperada contra o Qarabag, resultados que Rui Costa diz “não refletirem” o trabalho que foi feito, é justificado com o Mundial de Clubes da FIFA, que “retirou a possibilidade de dar férias” e encurtou a pré-época da equipa.
“Sabíamos de antemão que íamos ter dificuldades, principalmente físicas.”
Rui Costa pede, por isso, tempo para José Mourinho, que “ainda não teve tempo de trabalhar a equipa”, e confessa que não está “satisfeito” por ter ganhado apenas quatro títulos nos últimos três anos.