Izah Mendonça.
| Foto:
Arquivo/AT
Nos últimos anos, o tema da menopausa e da perimenopausa vem ganhando espaço nas discussões sobre saúde. Essa etapa da vida, marcada por um conjunto de mudanças físicas, emocionais e cognitivas, costuma afetar mulheres entre os 45 e 55 anos, período em que os níveis hormonais, como estrogênio e progesterona, declinam naturalmente .
Continue Lendo
Essas alterações vão além dos clássicos fogachos e secura vaginal. Estudos apontam que podem ocorrer também:
- Alterações do humor, ansiedade, depressão;
- Problemas de sono, memória, atenção e fluidez verbal;
- Maior vulnerabilidade a doenças cardiovasculares e metabólicas.
A menopausa, portanto, não é um “evento isolado”: é um processo multidimensional que impacta o corpo, a mente e, consequentemente, toda a família. Por isso, falar sobre ela é fundamental. Reconhecer sinais, buscar acolhimento, compreender as opções de tratamento, sejam hormonais, psicológicas ou de autocuidado, significa garantir uma transição mais digna e saudável.
No Brasil, estima-se que cerca de 30 milhões de mulheres se encontram na faixa etária do climatério e menopausa, o que representa cerca de 7,9% da população feminina. Alerta preocupante: 82% dessas brasileiras apresentam sintomas que comprometem sua qualidade de vida.
Por que isso também importa à família?
A mulher nessa fase continua muitas vezes como pilar emocional e produtivo, seja no trabalho, na casa ou no cuidado com filhos e idosos. Sintomas intensos, como insônia, irritabilidade ou falta de foco, impactam o cotidiano familiar e aumentam o risco de isolamento ou conflitos. Além disso, o sofrimento feminino reverbera em toda a rede doméstica. A conscientização e o apoio coletivo podem transformar essa vivência.
A política pública capixaba que pode fazer a diferença
No Espírito Santo, a deputada estadual Raquel Lessa (PP) apresentou o Projeto de Lei (PL) nº 15/2025, que institui a Política Estadual de Conscientização e Atenção Integral à Saúde das Mulheres no Climatério e na Menopausa. A proposta representa um marco no reconhecimento da necessidades específicas dessa fase de vida.
O projeto prevê, entre outras ações:
- Campanhas educativas, seminários e palestras sobre sinais, exames, diagnósticos e orientações para mulheres e famílias;
- Capacitação de profissionais de saúde e atendimento multidisciplinar;
- Acesso gratuito a medicamentos hormonais e não hormonais nas unidades de saúde pública e conveniadas ao SUS;
- Acompanhamento psicológico desde o diagnóstico;
- Incentivo a pesquisas científicas sobre terapias hormonais e alternativas;
- Criação da Semana Estadual de Conscientização para Mulheres no Climatério e na Menopausa, a ser realizada na primeira quinzena de março.
Este PL 15/2025 trará à tona uma pauta até então negligenciada e dará suporte institucional para que mais mulheres recebam as informações, o acolhimento e o cuidado que necessitam, com impacto positivo em toda a dinâmica familiar.
Embora não existam dados publicados especificamente para o Espírito Santo, é possível fazer uma estimativa com base na demografia estadual.
Segundo o Censo de 2022, o Espírito Santo tinha cerca de 3,83 milhões de habitantes. Considerando que as mulheres representam pouco mais da metade da população total, estimamos aproximadamente 1,96 milhão de mulheres. Se tomarmos a proporção nacional (7,9%) de mulheres em menopausa ou climatério, isso sugere que cerca de 155 mil capixabas podem estar nessa fase, com muitas enfrentando sintomas que afetam a qualidade de vida.
Essa estimativa reforça a relevância do PL: ao estruturar políticas públicas voltadas ao climatério, o Estado estará atingindo milhares de mulheres e, por consequência, cuidando de suas famílias, de sua produtividade e bem-estar coletivo.
Graças a Deus, a menopausa parece, estar deixando de ser tabu e ganhando o merecido protagonismo na cena pública. Do sofrimento invisível à luta por saúde integral, as mulheres agora são vistas em sua complexidade. E vamos a isto, viver essa fase com dignidade e informação.
Idade não é limite
O trabalho invisível da mulher que “não trabalha fora”
Mulheres que não querem ser mães: um direito à liberdade de escolha
Elas por Elas: a força dos grupos femininos