Tony Blair está a ser proposto – ou estará a propor-se – para estar à frente de uma autoridade provisória que governe a Faixa de Gaza antes de o poder ser passado à Autoridade Palestiniana, segundo vários meios de comunicação social.
O Haaretz diz que a proposta está a vir da própria Casa Branca e fala num “governador provisório” para o território, o Financial Times que a iniciativa de ter “um papel importante no governo” vem do próprio Blair. O antigo primeiro-ministro britânico foi enviado do chamado quarteto (EUA, UE, Rússia e ONU) para a paz no Médio Oriente, que tentou reavivar um processo de paz entre israelitas e palestinianos depois de deixar a chefia do Governo britânico, em 2007. Em 2015, demitiu-se.
O seu nome surgiu recentemente numa investigação do Financial Times (FT) sobre um plano elaborado por uma consultora para o pós-guerra e reconstrução de Gaza (a mesma que desenhou o plano de distribuição de ajuda através de centros militarizados ligado a centenas de mortes), que incluía cenários de expulsão de uma parte da população palestiniana.
No plano actual, dizem o Haaretz, o FT e a BBC, não há menção a deslocação de palestinianos, que seria contrária ao direito internacional.
O plano de Trump para o pós-guerra em Gaza inclui uma série de elementos de outros planos, incluindo um de países árabes. Inclui uma comissão palestiniana de administração do território (que não inclua a Autoridade Palestiniana, que governa a Cisjordânia). Esta comissão seria supervisionada por um organismo internacional, segundo o FT, citando uma fonte dizendo que Blair gostaria de estar nesse organismo, e outra que haveria uma proposta para Blair o chefiar. A BBC indica ainda que essa autoridade teria de ter o apoio da ONU e dos países do Golfo.
O Times of Israel noticiou na semana passada que o envolvimento de Blair em esforços para um plano para o “dia seguinte” ao fim da guerra começou muito cedo após 7 de Outubro de 2023, e que tinha recuado na sua proposta inicial de retirar palestinianos do território. O seu papel foi ganhando cada vez mais importância e a 27 de Agosto participou numa reunião na Casa Branca de discussão dos planos para o fim da guerra e o pós-guerra.
Primeiro-ministro britânico entre 1997 e 2007, Tony Blair ficou muito ligado à invasão do Iraque em 2003, apoiada na falsa premissa de existência de armas de destruição maciça.
Força internacional
Segundo o Haaretz e o Financial Times, também faz parte do plano de Trump uma força internacional de manutenção de paz para vigiar as fronteiras e impedir o Hamas de se rearmar. Até agora, apenas a Indonésia disse estar disposta a enviar soldados para uma força internacional em Gaza.
O Haaretz diz que há indicações de que o Egipto possa estar a treinar palestinianos da Cisjordânia para um dia ficarem encarregados da segurança na Faixa de Gaza.
O diário hebraico cita ainda uma fonte dizendo que há alguma preocupação de o plano ser vago quanto à transição de poder para a Autoridade Palestiniana (AP), já que o Governo de Netanyahu tem dito repetidamente que não quer a AP no poder em Gaza. “Há preocupação”, relatou a fonte, “de que Netanyahu possa aproveitar-se desta ambiguidade para sabotar o envolvimento da AP em Gaza”.
O plano estará em cima na mesa no encontro entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu nesta segunda-feira. Trump declarou entretanto que, como já era esperado, os Estados Unidos não concordariam com uma anexação de território da Cisjordânia, uma das possibilidades de resposta de Israel à onda de reconhecimentos do Estado da Palestina.