Sob uma crescente pressão dos eleitores para impedir que os imigrantes entrem ilegalmente em território britânico atravessando o Canal da Mancha vindos de França, Keir Starmer anunciou esta sexta-feira em comunicado a introdução da identidade digital obrigatória, que já tinha sido previamente divulgada, até ao final da legislatura.


“Durante muitos anos, tem sido demasiado fácil para as pessoas virem
para cá, entrarem na economia paralela e permanecerem aqui ilegalmente”
, denunciou o primeiro-ministro britânico, num comunicado citado pelo Guardian. Mas com esta medida, acredita que “será mais difícil trabalhar ilegalmente neste país”. 


Segundo Keir Starmer, “não
é política de esquerda compassiva depender de mão de obra que explora
trabalhadores estrangeiros e reduz os salários justos. Mas o simples
facto de que todas as nações precisam de ter controlo sobre as suas
fronteiras”. 


Keir Starmer aproveitou o seu discurso esta manhã na Cimeira Global Progress Action, em Londres, para anunciar oficialmente que o seu governo tornará obrigatória uma nova identificação digital gratuita para o direito ao trabalho até ao final da legislatura. 



“Não será possível trabalhar no Reino Unido se não tiver identificação digital. É tão simples quanto isso”, 
afirmou Keir Starmer. “Porque pessoas decentes, pragmáticas e justas querem que resolvamos os problemas que vêem à sua volta”, concluiu. 


Ausência de cartões de identidade são “fator de atração”


Para o primeiro-ministro britânico, os cartões de indentificação digitais podem “desempenhar um papel importante” em tornar o Reino Unido um destino menos atrativo para os migrantes ilegais. Segundo ele, a França tem insistido que a falta de cartões de identidade oficiais funciona como um “fator de atração”.Os britânicos não têm cartões de identidade desde a
sua abolição após a Segunda Guerra Mundial, segundo a Reuters. Costumam
utilizar outros documentos oficiais para provar a sua identidade, como
cartas de condução ou passaportes.  

O Governo de Keir Starmer anunciou que a identificação digital será mantida nos telemóveis dos cidadãos e se tornará uma parte obrigatória das verificações que os empregadores já têm de fazer ao contratar um trabalhador.

No futuro também deverá ser usada para fornecer acesso a outros serviços, como creches, assistência social e, ainda, acesso a registos fiscais.


Petição contra e-ID tem mais de 900 mil assinaturas 

Uma petição online, disponível no site do Parlamento, contra a introdução de um sistema de identificação digital obrigatória atraiu mais de 914 mil assinaturas. 

Desde a noite de quinta-feira que a iniciativa ganhou mais de 600 mil assinaturas, e os números não param de crescer, de acordo com o jornal The Guardian. Recorde-se que, no Reino Unido, as petições com mais de 100 mil assinaturas são levadas a debate no Parlamento.


c/ Reuters