Esta situação é semelhante ao que aconteceu em Campo de Ourique. Lá, Carlos Moedas foi o mais votado para a câmara, mas a Junta de Freguesia, por uma diferença de apenas 25 votos, foi ganha por Pedro Costa, da coligação PS/Livre (o político, filho do antigo primeiro-ministro António Costa, demitir-se-ia do cargo em abril de 2024, alegando “incompatibilidades” com o executivo camarário de Moedas, que estariam a limitar o alcance das suas políticas locais). Agora, se os resultados das legislativas de 2025 de repetissem em Campo de Ourique, a eleita seria Ana Mateus, da coligação Por ti, Lisboa, com 44,53% dos votos.

Outra freguesia que a coligação PSD, CDS e IL conquistaria aos socialistas seria Campolide, com 39,36% dos votos contra os 36,81% de PS, Livre, BE e PAN juntos, que se registaram nas legislativas. Neste caso, ao contrário do que aconteceria em relação à câmara municipal, se a CDU integrasse a coligação Viver Lisboa a junta permaneceria a ser governada pela esquerda, em vez de ter como líder José Cerdeira, candidato indicado pela Iniciativa Liberal.

Por fim, falemos de Arroios. A junta é, atualmente, da AD. Nas legislativas, o acumulado de votos da AD+IL na freguesia correspondeu a 36,23%, mas PS+Livre+BE+PAN juntos alcançaram 43,84%, logo o presidente eleito seria João Jaime Pires, ex-diretor do Liceu Camões e candidato da Viver Lisboa. E a derrotada, caso se reflitam os resultados das legislativas, seria a centrista Madalena Natividade, nascida em Moçambique, e que sucedeu em 2021 à polémica socialista Margarida Martins, cujos escândalos, noticiados pela comunicação social (uma reportagem da “Sábado” mostrava-a a ficar com produtos de comerciantes do Mercado de Arroios sem pagar nada), contribuíram para a derrota de Fernando Medina.

Uma nota de rodapé ainda para o caso de Marvila. Nas legislativas, foi a única freguesia lisboeta onde o Chega ganhou a votação, com 31,09%, mas, nas autárquicas, tal resultado não garantiria a eleição de um presidente de junta ao partido de André Ventura, pois PS, Livre, BE e PAN juntos arrecadaram 38,81% dos votos. Nesse caso, a favor do partido de André Ventura estará a condenação do recandidato José António Videiro por prevaricação na contratação de funcionários, pese embora tal sentença tenha sido anulada pela Relação de Lisboa.

Contas finais: se os resultados das legislativas se repetissem a 12 de outubro, Carlos Moedas seria reeleito presidente da câmara, a coligação Por Ti, Lisboa ficaria com a presidência de 12 juntas e a Viver Lisboa também com 12, um curioso empate. Ainda mais curioso seria que os lisboetas votassem exatamente igual ao que fizeram há seis meses. A probabilidade estatística rondará os 0,muuuuuitoszeros1%, mas, como dizem os nossos vizinhos espanhóis, “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.