Luís Montenegro falava num almoço-comício em Aveiro, ao lado do candidato do PSD/CDS-PP/PPM à Câmara, Luís Souto Miranda, onde também estiveram o presidente da distrital e secretário de Estado Emídio Sousa e o secretário de Estado da Administração Local, Silvério Regalado.
Montenegro aproveitou para, tal como fez na sexta-feira em Esposende, tentar esclarecer os tetos máximos que o Governo aprovou na quinta-feira para que a construção possa beneficiar de IVA reduzido a 6%: em casas para vender até 648 mil euros ou para arrendar até 2.300 euros.
“Eu sei que isto está a causar muita confusão e eu acho que é muito bom que da confusão nasça o esclarecimento e da confusão nasça a adesão do povo português para um princípio de solidariedade que muitas vezes reclamamos, e bem, para todos aqueles que vivem fora de Lisboa e do Porto”, afirmou.
O primeiro-ministro frisou que, se é preciso por todo o país garantir “as mesmas oportunidades que há em Lisboa e no Porto”, também é preciso o contrário no caso da habitação.
“Há ou não há nas grandes áreas urbanas de Lisboa e do Porto, também da Península de Setúbal, também no Algarve e também um bocadinho em Aveiro, um bocadinho em Braga e um bocadinho em Leiria, famílias de pessoas trabalhadoras essenciais à nossa dinâmica comunitária, social e económica que estão constrangidos pela inacessibilidade ao mercado de arrendamento e portanto não estão a ser direcionados e a manterem-se nestas geografias?”, questionou.
Montenegro assinalou que é nestas zonas onde o preço da habitação é mais elevado que se sente mais a falta de médicos, professores, policiais e outros profissionais necessários para manter as urgências abertas ou criar mais vagas para creches e pré-escolar.
“É preciso ter coragem de dizer ao país que, por um lado, fora de Lisboa e do Porto, todos têm de ter oportunidades. Por outro lado, em Lisboa e no Porto, também todos têm de ter oportunidades. E é isto que nós estamos a fazer”, afirmou.
Por outro lado, assegurou que o Governo não pretende excluir de apoios os que têm necessidades sociais maiores.
“A sociedade não progride se nós apenas nos direcionarmos para as políticas sociais destinadas a trazer aqueles que estão numa situação de vulnerabilidade”, avisou.
Antes, o candidato Luís Souto Miranda tinha saudado Montenegro pela “coragem de fazer uma reforma tranquila”, quer na área da habitação quer no combate à burocracia, considerando que o primeiro-ministro deu um sinal de confiança nos autarcas ao levar alguns para o Governo.
“É preciso dar força ao nosso primeiro-ministro para reformar este país”, apelou, e avisou que, em Aveiro, está a ser construída uma “coligação negativa entre PS e Chega, já ensaiada no país”.
Antes do almoço, o atual presidente da Câmara, Ribau Esteves, que já atingiu o limite de mandatos e não se pode recandidatar, acompanhou uma arruada do candidato e do líder do PSD pelo centro da cidade, e deixou algumas palavras de incentivo
“Luís, a tua energia é muito importante para esta quinzena que temos pela frente. A mobilização de cada um de nós e de todos aqueles que conhecemos é fundamental para que no dia 12 não tenhamos nenhuma retroescavadora a entrar pela nossa terra dentro”, disse, numa aparente referência à possibilidade de o PS poder recuperar esta autarquia.
Para além de Luís Souto Miranda (PSD/CDS-PP/PPM), concorrem às eleições autárquicas em Aveiro o seu irmão, Alberto Souto (PS) – que já foi presidente da Câmara entre 1998 e 2005 – Miguel Gomes (IL), Isabel Tavares (CDU), Bruno Fonseca (Livre), Diogo Machado (Chega), Paulo Alves (Nós, Cidadãos!), Ana Rita Moreira (PAN) e João Moniz (BE).
As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.