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A recente onda de atividade indesejada de drones em vários países europeus chegou esta semana à Dinamarca, paralisando o aeroporto da capital do país, Copenhaga. A primeira-ministra dinamarquesa falou num “lembrete inequívoco do tempo em que vivemos”, mas não se percebeu logo a origem dos drones. A NATO acredita agora que Moscovo possa estar a utilizar os seus navios de carga sancionados para camuflar e operar aeronaves não tripuladas.

No caso de Copenhaga, são três os navios suspeitos de navegarem com o propósito de lançar drones e de controlar os dispostivos a partir daquela localização. Sob suspeita está o cargueiro russo Astrol 1, que navegou pelo estreito de Öresund na segunda-feira e realizou várias manobras irregulares. Também o petroleiro Pushpa, sancionado pela UE e que navega sob bandeira do Benim, foi monitorizado durante quatro horas por um navio alemão da NATO.

O terceiro é o cargueiro norueguês Oslo Carrier 3, que estava a sete quilómetros do aeroporto de Kastrup quando os drones sobrevoaram a zona aérea. Como destaca o El Mundo, apesar de este navio não estar sancionado e não fazer parte da chamada “frota fantasma” russa, o seu armador tem ligações a Moscovo, com um escritório em Kaliningrado.

Também o navio russo Alexander Shabalin estava em águas internacionais a 12 quilómetros da costa dinamarquesa quando os incidentes ocorreram.

Não é de agora que os países do Báltico, ao lado da NATO, lutam contra a ameaça destes navios “fantasma”. Em janeiro lançaram a missão Baltic Sentry, colocando barcos de superfície, aviões-patrulha e drones neste mar para garantir a segurança da área.

Sobre a missão, na altura, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, disse não querer que o inimigo fosse “mais sábio do que já é”. A ação não terá sido suficiente para demover estes navios com ligações russas de lançar e controlar drones.

Não foram os russos a ter a ideia de usar porta-contentores como plataformas de lançamento de drones. O Irão, aliado russo, é o precursor do método e até já se tinha mostrado a operar drones e armas a partir de convés de barcos.

Para a Rússia, o método não podia ser mais conveniente e traz uma nova utilidade à famosa “frota fantasma”. Estes navios sem bandeira, ou com bandeira de países livres de sanções, são na sua maioria obsoletos e operam irregularmente, tanto para contornar os limites da venda de petróleo à Rússia, como para sabotar infraestruturas subaquáticas internacionais.

Converter estes petroleiros, que já são sancionados, em “naves-mães” de drones e bases de sabotagem, pressiona ainda mais a União Europeia e a NATO. E transforma, mais do que nunca, o mar Báltico num teatro de guerra híbrida, com países em alerta máximo devido às sucessivas invasões aéreas.